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Antes e o Agora: Sylvester Stallone

Sylvester Stallone, Sly para os amigos, é talvez um dos atores mais conhecidos em todo o mundo – não existe avô, filho, ou neto que não conheça este “rapaz” com a voz arrastada e olhos semicerrados. No entanto, poucos saberão que estas imagens de marca foram “conseguidas” devido a um acidente no parto que lhe afetou um nervo.

Este ator/realizador/produtor, que o público idolatra e a crítica adora odiar, não teve uma infância fácil, o que é certo é que já vai na 5ª década de atividade e, gostando-se ou odiando-se, ele esteve sempre cá “And he’s watchin’ us all with the eye of the tiger”.

Nos seus primeiros anos de vida, Stallone e o seu irmão Frank viviam numa casa repleta de discussões permanentes, culminando no divórcio dos seus pais. Depois de ser expulso de quatro escolas, Stallone foi parar a uma escola para “jovens problemáticos”. Surpresas das surpresas, acabou numa Universidade na Suíça a tirar artes dramáticas. Depressa se mudou para o mesmo curso na Universidade de Miami, não o terminando. Ao invés, foi para Nova-Iorque procurar a sua Big Shot.

O Spoon por hoje propõe-se a mostrar o Antes e o Agora deste Italian Stallion e, acima de tudo, é importante começar por dizer que, quem vos escreve, passou os anos 90 a ver a filmografia de Stallone, por isso, não esperem imparcialidade nos subsequentes parágrafos.

Depois de lavar muitos pratos, já longe da sua infância em Filadélfia, o jovem Stallone de 24 anos, encontra em 1970 a sua primeira oportunidade. A sua estreia deu-se com o filme softcore para adultos The Party at Kitty and Stud´s, em que ele interpretava o garanhão de serviço de uma festa repleta de “sexo robusto e felácios” (como se pode ler na descrição do IMDB. Não foi a estreia ideal, mas serviu para que a alcunha “The Italian Stallion” pegasse para sempre.

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Aqui em The Party at Kitty and Stud´s não é fácil resistir a tanta sensualidade.

Depois de pequenos papéis em filmes mais comerciais (fez de taxista no filme de Woody Allen de 1971, Bananas), Stallone conseguiu em 1976 a sua tão almejada big shot. Durante esse período Sly tinha escrito um argumento sobre um pugilista amador das ruas de Filadélfia que tenta ser profissional.

Apesar de ter uma mulher grávida e pouco dinheiro no banco, Sly sempre se recusou em vender a história, que ele queria protagonizar (se substituirmos a palavra pugilista, por ator, temos uma autobiografia). Finalmente, encontrou Irwin Winkler e Robert Chartoff, que o deixaram ser a estrela de… (pergunta para queijinho)

Sim, Rocky, a sua obra mais emblemática, com 10 nomeações para óscar (vencendo três). Sly foi o segundo ator a ser nomeado em simultâneo nas categorias de “melhor ator” e “melhor argumento”, o primeiro tinha sido um “tal” Charlie Chaplin. Não foi de admirar que se auspiciasse um longo e frutífero futuro. Lá produtivo foi, mas não da forma como se esperava.

Depois de Rocky 2 (1979) e Rocky 3 (1982) – menores sucessos na crítica, mas ainda assim muito lucrativos – Sly deu a estancada final nas suas pretensões de vir a ser um grande ator (que nunca foi) com Rambo: A Fúria do Herói (1982), ao invés, tornou-se a maior estrela de filmes de ação dos anos 80 e, simultaneamente, o ator mais nomeado de sempre para os Razzies (prémios que distinguem os piores da indústria do cinema).

Acham que ele se importou? Provavelmente! – não deve ter sido fácil ganhar o prémio de pior ator do século.

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Aqui em Rocky (1976) num método de treino que deixou famoso: Golpear carne numa arca frigorífica.

Rapidamente Sly tomou a decisão de se voltar para a realização, tendo sido responsável pela sequela de Febre de Sábado à Noite (aquele filme com o John Travolta de calças de cabedal apertadas), Staying Alive (1983), também protagonizado pelo mesmo John Travolta (com calças menos apertadas). E começava assim a lista gigantesca de Flops – temos de gostar dele só pelo simples facto de se levantar sempre, mesmo depois de estar constantemente a ser “espancado” pelos críticos de cinema.

Em retrospetiva, a decisão seguinte que ele tomou pode não ter sido a melhor. Em 1983 decidiu juntar-se a Dolly Parton (a célebre cantora country com duas bem grandes “imagens de marca”) para protagonizar a obra O Destravado do Táxi Amarelo (1983), numa história em que Dolly obrigou o “taxista” Stallone a cantar (obviamente isto não iria correr bem).

Entretanto, até ao início dos anos 90, Stallone jogou pelo seguro, lançando Rocky IV (1985) e Rocky V (1990), Rambo II (1985) e Rambo III (1988), mais uma vez sucessos de bilheteiras e ódios de estimação dos críticos. Já agora, ainda que aniquilado pela crítica, em 1986 Cobra, o Braço Forte da Lei (que ele protagonizou ao lado da sua mulher, Bridget Nielsen) é o epíteto do filme de ação dos anos 80 – mau que “Deus nos livre”, tiros infindáveis, péssimas atuações, mas viciante. Quem é que não gostava de ser Stallone nos anos 80?

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Mais macho que Zezé Camarinha, no filme Cobra: O Braço da Lei (1986).

No entanto, dificilmente alguém quereria ser o Stallone dos anos 90. Nesta década, Sly parecia um porquinho mealheiro de falhanços. Exceção feita a Copland (1997), onde Stallone fez as pazes com a crítica e mostrou que, bem “espremido”, conseguia ser um bom ator. Isto depois de, em 1992, ter protagonizado o pior filme de sempre (ele próprio admite): Pára ou a Mamã Dispara (que ocasionalmente ainda passa no canal Hollywood, mas que nem o mais acérrimo fã de Stallone – Eu – consegue ver qualidade); verdadeiramente uma inenarrável “comédia”.

Copland (1997), Stallone com uma otite.

Copland (1997), Stallone com uma otite.

Chega o novo milénio e entramos no período mais inócuo da carreira da outrora estrela, agora cadente, e carente de bons papéis. Como diz o ditado, “Se a montanha não vai a Maomé, parte-se a montanha”, e foi exatamente isso que Stallone fez, “partiu tudo” voltando em 2006 e 2008 às franquias que o tornaram lenda: Rocky Balboa e Rambo, respetivamente. Finalmente Sly voltava às boas graças do público e “quase” que conseguia agradar a crítica especializada, retratando dois antigos heróis que se recusavam a quebrar.

Entramos então na era em que “Se não podes voltar ao anos 80, traz os anos 80 para a nova década”. É desta forma que chegamos a Mercenários, a franquia (estreou recentemente o 3º filme da saga) que traz de volta todos os “grandes” atores dos anos 80 e 90 – Arnold Schwarzenegger, Dolph Lundgren, Jet Li, Bruce Willis, Chuck Norris etc, etc, etc. E eles cumprem o que prometem: Muita pancada, explosões, piadas, e até – no mais recente Mercenários (2014) – uma relação amorosa entre Jet Li e Arnold Schwarzenegger (desculpem o spoiler).

Desta forma, gostando-se, ou não, Stallone e os seus ossos calcificados estão cá para ficar. Aos 68 anos, parece um jovem de 65 e promete mais (já estão previstos um spin-off de Rocky e mais um Mercenários); reforma nem vê-la.

Os Mercenários 2 (2012)

Os Mercenários 2 (2012)

 

 

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