Destaques do Mês
  • The Conjuring 2 – A Evocação
  • Sugestão para Domingo à Tarde #36: Out of Africa (Sydney Pollack, 1985)
  • A Rainha do Deserto (Queen of the Desert, 2015)
Data
23 August 2016
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10 Perguntas ao Capitão Falcão [Gonçalo Waddington], a Bem da Nação

É com enorme orgulho que apresentamos este artigo, aprovado pela Polícia Internacional e de Defesa do Estado.

Como todos devem entender, o Capitão Falcão tem uma agenda ocupada. A luta fervorosa pelo bem da Nação não se faz sozinha. Como tal, decidimos não gastar o tempo do nosso Capitão com perguntas burguesas idiotas. Destilámos o sumo do nosso questionar e produzimos, à boa moda portuguesa, uma versão mais simples daquilo que poderíamos ter feito, fossemos nós intelectuais de esquerda.

Assim sendo, seguem-se as 10 questões que humildemente apresentámos ao herói da pátria.

(E muito obrigado, Gonçalo Waddington.)

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(1) Se o Capitão estivesse abandonado numa ilha deserta, que objecto patriótico levaria consigo?

A Bandeira de Portugal!

(2) A sua longa-metragem é provavelmente o maior feito do cinema lusitano. O apoio dos cidadãos poderá levar a uma sequela?

A sequela já está em fase de pré-produção, Sr. Jornalista do Regime! Como ousa duvidar do patriotismo dos nossos moviegoers?!?! Os que não se apresentarem nos cinemas serão levados para os nossos escritórios da Rua António Maria Cardoso para um pequeno “interrogatório”!

(3) Qual foi a maior dificuldade em cena que o civil Waddington teve ao desempenhar os seus feitos heróicos?

Não existem dificuldades quando se tem Portugal no Coração e se vestem as penas do Falcão!

(4) Bolos de arroz, independência financeira ou chineses fascistas?

Cuidado com essas perguntas, Sr. Jornalista! Olhe que eu tenho Carte Blanche do Presidente do Conselho de Ministros, António de Oliveira Salazar. (Bolos de Arroz sem Glúten)

(5) Para lá do humor e porrada, o cidadão Waddington vê neste filme uma merecida catarse?

Nunca li a Poética do Aristóteles. Detesto Gregos – veja só como está o país do Sócrates e companhia! Para mim, só a Bíblia é que conta (e os Balancetes do Presidente do Conselho de Ministros). Se o Sr. Jornalista anda a ler esses livros subversivos, das duas uma: ou os queima, ou eu queimo-o a si e aos seus livros – aí sim, terá a sua catarse!

(6) Já o cidadão João Leitão, realizador desta pérola, descreveu o investimento necessário para a produção deste filme como “kamikaze”. Pondo de parte o vernáculo nipónico, diga-nos numa frase o que gostaria de fazer aos hereges que ainda não viram o seu filme.

Queimá-los no Rossio, comme il faut!

(7) Onde é que o Capitão estava no passado sábado (25 de Abril)?

A desenterrar as toupeiras clandestinas que conspiram contra a nossa pátria!

Capitão Falcão - Frame 5

(8) As cenas de pancadaria no seu filme estão gloriosamente coreografadas. A quem se deve tal mestria técnica?

O Puto Perdiz é um perito na arte da pancadaria e do disfarce. Eu ensinei-lhe tudo o que ele sabe! Tudo acontece naturalmente, sabe, Sr. Jornalista. O Realizador, João Leitão – um verdadeiro patriota! – tem alma de documentarista. O que parece ficção, é na verdade a minha vida a “desenrolar-se” no ecrã.

(9) Capitão Preto? A sério?

Eu fiz-lhe a mesma pergunta, Sr. Jornalista. E, de facto, também fiquei boquiaberto com a ausência de resposta. Apenas berrou como um selvagem!

(10) E por fim: numa luta entre o Doutor Salazar e Karl Marx, como é que Salazar ganharia?

Essa pergunta só pode ser brincadeira, Sr. Jornalista. Não me provoque! Sabe de onde veio o pedaço de terra conhecido como Santa Comba Dão? De Krypton!!!



E agora, façam o vosso dever patriótico! Apoiem o cinema lusitano e encham as sessões do Capitão!

Para além da ocasional crítica cinematográfica, este dandy moderno aprecia longos passeios, chá preto e aquele barulho que o bacon faz aquando do momento de fritura.