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A Humilhação (The Humbling, 2014)

Será que com a idade se perde o jeito? Foi a esta questão que a dupla Barry Levinson e Al Pacino – realizador e protagonista, respetivamente – procurou responder com A Humilhação. Dinner, Rain Man e Sleepers, são talvez os títulos mais reconhecíveis de Barry. Quanto a Al Pacino, depois da trilogia de Padrinho, Scarface, e Um Dia de Cão, há muito que procura se reencontrar com o sucesso (de bilheteira e da crítica).

Baseado no livro homónimo de Philip Roth (curiosamente obra que foi muito mal recebida pela crítica literária), será este A Humilhação um grito para dizer que estão vivos? Mais ou menos!

Al Pacino é Simon Axler, um actor que já atingiu o auge há algum tempo, e que, após uma crise de identidade, desiste do palco. Nessa altura entra Pegeen (Greta Gerwig), uma lésbica com uma crise de identidade, que acaba por se relacionar com Simon.

Num tom bastante negro, vamos deambulando na loucura de Simon, duvidando do que é verdade e do que é produto do seu imaginário, enquanto a persona dele se vai deteriorando e ele percebe que não existe fora das luzes do palco. A sua personalidade amorfa fora do teatro e a sua profunda depressão e tristeza com a arte representativa, quase parecem traços auto-biográficos do próprio Al Pacino. Por um lado, a querer mostrar que está vivo, e por outro a mostrar que se sente esquecido.

Um grito de revolta, através de um filme cujo protagonista perde a capacidade de viver e de sentir para além da representação.

Sempre em registo indie, começa com um teor unidimensional e introspectivo, onde observamos a queda de um actor (literal e metaforicamente), sendo que, há medida que o filme vai evoluindo, surgem novas personagens, todas elas muito pouco ortodoxas, acrescentando situações igualmente pouco ortodoxas, mas que elevam o ritmo do filme.

Um absurdismo que entretém, será a melhor forma de posicionar o filme, que estreou em Veneza em 2014, junto com Birdman e, apesar de ter sido bem recebido, nunca fez tanto sucesso como a obra de Alexandre Gonzalez Inarritu, e muito por culpa própria. Por alterar o rumo a meio, acaba por não se posicionar em nenhum tipo de público, entre a introspeção do cinema de autor e a procura por entreter através de momentos de comic release, misturadas com o absurdo.

Certo é que tanto Al Pacino como Greta Gerwig têm desempenhos excelentes, dando alguma credibilidade à loucura do filme.

No geral, A Humilhação é um bom filme, mas condenado ao insucesso comercial, por não se saber posicionar em nenhum tipo de público, fica curto enquanto ensaio filosófico, e não entretém o suficiente para chamar as massas. É, não obstante, dos melhores filmes de Al Pacino e Barry Levinson individualmente, nos últimos anos.

A Humilhação estreia dia 7 nos cinemas Portugueses.