Destaques do Mês
  • The Conjuring 2 – A Evocação
  • Sugestão para Domingo à Tarde #36: Out of Africa (Sydney Pollack, 1985)
  • A Rainha do Deserto (Queen of the Desert, 2015)
Data
25 August 2016
CHARLIE COX as MATT MURDOCK in the Netflix Original Series “Marvel’s Daredevil” Photo: Barry Wetcher © 2014 Netflix, Inc. All rights reserved.

Daredevil – Temporada 1 (2015)

Quem em 2003 viu um Ben Affleck invisual, com a Jennifer Garner (a aproveitar o hype de Alias) em formato Side Kick/par romântico, deve ter ficado desconsolado com o nosso amigo Daredevil com sotaque de Boston.

Wilson Fisk Bronzeado; Elektra, Ben Affleck com uma roupa parva e um Bullseye Irlandês

Wilson Fisk Bronzeado; Elektra; Ben Affleck com uma roupa parva; e um Bullseye Irlandês

No entanto, na guerra DC contra Marvel, Daredevil tinha que renascer, e sem Ben Affleck, aliás, sem se quer ser no formato cinematográfico.

Felizmente hoje em dia existe o Netflix, uma plataforma diferenciadora que legitima a qualidade, basta destacar True Detective e, agora, Daredevil. Adaptado por Drew Goddard (Perdidos, Alias, Cloverfield) para série, esta odisseia de pancada, consegue adicionar uma visão artística, muito próxima do que Nolan recriou no grande ecrã com Batman, que quase nos faz esquecer que estamos perante uma história de super-heróis.

Isto sim é um invisual que se preze!

Isto sim é um invisual que se preze!

Para isso contamos com dois pesos pesados (um deles literalmente); Charlie Cox (Matt “Daredevil” Murdock) e Vincent D´Onofrio (Wilson Fisk). Charlie, que estaria mais habituado a interpretar personagens meigas e não confrontativas – como o “tipo” que rouba a mulher ao Stephen Hawkings na Teoria de Tudo – tem aqui a antítese do que nos habituou. Mais que revelar as forças de um super-herói, vemo-lo demonstrar progressivamente todas as forças contrastantes que o levam a questionar as suas atitudes, e que o aproximam mais do Demónio, por oposição ao Deus em que acredita. Porém essas dúvidas nunca chegam para que se questionem as suas intenções.

Felizmente, para contrastar esta nobre imperfeição, temos direito a uma perfeita personificação de tudo o que uma caixa de pandora pode conter. Este Wilson Fisk é tudo aquilo que desejamos atropelar quando fazemos marcha-atrás sem olhar: é vil, demoníaco e idiossincrático em todos os seus gestos e trejeitos de linguagem. Por outro lado, em partes, quase que o tentamos compreender e, nessa altura, o mérito reparte-se entre a interpretação majestosa de D´Onofrio, e ao facto de terem desenvolvido de igual forma tanto o protagonista, como o antagonista.

A história, – que por vezes quase fica em segundo plano, tal é o brilhantismo dos restantes apontamentos, – centra-se no início da odisseia contra o mal na cidade de Hell´s Kitchen, pelas mãos do vigilante cocho de um sentido, mas com esteroides nos restantes, Matt “Daredevill” Murdock – que também acumula funções como advogado. Depressa se percebe que todo o mal vai desaguar na mesma pessoa, Wilson FIsk, que, sucintamente, pretende fazer um extreme makeover na cidade, que envolve a acumulação de corpos e um ou outro fogo posto.

Para isso, cada um dos 13 episódios de quase 50 minutos, assume-se como um mini-filme, sem fillers, onde a mestria na realização das cenas de ação nos transporta para mise en scenes a fazer lembrar Old-Boy. Resumindo: porrada crua e dura, em que se houve os nós dos dedos a estalar ossinhos faciais (se duvidam, vejam o vídeo a seguir).

No final, Daredevil fala muito pouco de super-heróis e de super-poderes (isso é secundário). Aqui, a luta entre o bem e o mal é bem mais ideológica, com apontamentos de Round-House Kicks e coreografias que parecem aproximações da realidade de quando se leva um soco no “focinho”. Quem não goste de ação crua, consegue extrair algum sumo dos subplots, mas a essência são mesmo as cenas de ação. Resta-nos ficar aguados com a segunda temporada.

Curiosidades: Drew Goddard escreveu alguns episódios de Alias – A Vingadora, mas felizmente para Daredevil não reciclou a Elektra Jennifer Garner.

 

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