Destaques do Mês
  • The Conjuring 2 – A Evocação
  • Sugestão para Domingo à Tarde #36: Out of Africa (Sydney Pollack, 1985)
  • A Rainha do Deserto (Queen of the Desert, 2015)
Data
24 August 2016
winter-song

O Spoon foi ao LEFF #2: Competição – Chant d’hiver (Otar Iosseliani, 2015)

Depois de Wim Wenders, mais um veterano, neste caso, não com um nome tão sonante, mas igualmente com créditos firmados. Otar Iosseliani está para a Geórgia, como Manoel de Oliveira estava para Portugal, e isso significa que os franceses o adoram, e os Portugueses nunca viram nada dele – com a ressalva que os Georgianos gostam do Otar (e a sala 1 do Monumental Saldanha também, pois apresentava-se cheia a uma segunda-feira à noite).

Nesta obra, o octagenário realizador georgiano utiliza a comédia física, em vez da narrativa, e a desconstrução socio-etária, ao invés da construção de algo estruturado.

Aqui é preciso fazer uma observação: A simplicidade desta comédia low-profille, esconde muito, mas muito simbolismo, que eu próprio ainda estou a tentar discernir – como numa cena onde uma porta se abre misteriosamente para um jardim.

Um pouco à semelhança de Woody Allen, Otar faz os filmes para si, e depois deixa a porta aberta, e quem perceber, percebeu.

A forma caricata e algo amadora como propositadamente edita algumas das cenas, e as próprias filmagens tremeliqueiras, acabam por funcionar como mais um ingrediente que dá aquele toque quase “home-made” ao filme.

A história aqui pouco importa, mas imaginemos o Love Actually, mas sem romance, que se junta a um episódio de duas horas das “Aventuras de Mr. Bean”, com muita droga no “bucho”. Voillá, o resultado será esta Canção de Inverno. Uma amálgama de personagens, sem aparente ligação, tirando a cidade onde habitam, que de alguma forma, directa, ou indirectamente, se entre-cruzam, nas situações mais inusitadas.

O único pesar, acaba por ser a repetição da mensagem. A obra é leve e funciona, mas acaba por ter 30 minutos a mais, que nos fazem desligar e nos leva a mente a vaguear dali para fora.

Ainda assim, não sendo propriamente fã da forma como Otar filma a obra, e achando que a mesma tem tempo a mais; é de apreciar a forma como ele dirige um filme, que quase parece um mini auto-retrato, de alguém que apercebendo-se que a vida está na sua fase descendente, sublima isso através das suas mensagens subtis e sorridentes.

Não me parece que ganhe a competição, mas garantidamente não a desprestigia.