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Sugestões para Domingo à Tarde #18Jessica Jones (2015) – 1ª Temporada

Jessica Jones é a mais recente adição ao universo cinemático Marvel (MCU) e a segunda série a ser produzida pela Netflix, após o sucesso de Daredevil no início do ano. Jessica (Krysten Ritter) é uma investigadora privada com um passado como super-herói que acabou em tragédia. Reduzida a apenas uma simples detetive, tenta resolver os seus casos privados enquanto consome copiosas quantidades de álcool e tenta lidar o melhor que pode com os seus sintomas de stress pós-traumático. É nessa altura que vê os seus problemas adensarem-se, quando demónios do passado – Kilgrave (David Tennant) – espreitam novamente ao virar da esquina. A partir daqui Jessica assume a missão de defender o futuro de todas as potenciais vítimas, evitando que passem pelo que ela passou e provando a inocência da mais recente fatalidade de Kilgrave.

A ação passa-se principalmente em Hell’s Kitchen, a mesma zona da cidade em que Daredevil se concentrou, mas situa-se claramente após os incidentes dessa série. Jessica, tal como os vários aliados com que se vai cruzando ao longo dos episódios, é uma personagem bem escrita e desenvolvida que atrai o interesse pelos seus defeitos e falhas. Torna-se muito fácil estabelecer uma relação porque todos nós temos falhas – ela não tem uma ética inabalável ou uma confiança férrea – mas tentamos fazer o melhor possível com o que nos é dado. O facto de ter poderes não a coloca de qualquer forma um nível acima das outras personagens, os realizadores conseguiram construir uma narrativa à volta de uma pessoa com poderes, mas sem os tornar centrais ou cruciais para definir a personagem. Apesar de tudo isto, Kilgrave é vilão mais que suficiente para os treze episódios que constituem a primeira temporada. Aclamado por muitos como o melhor retrato de um vilão de banda desenhada nos ecrãs, esta é uma personagem que tem todos os elementos que o público adora odiar num bom antagonista: frio, sem uma pinga de empatia, com um poder manipulativo imensurável – para todos os efeitos um psicopata perfeito e obcecado apenas com uma coisa: Jessica Jones.

A série tem um tom negro ainda mais acentuado que Daredevil e é sem dúvida a propriedade Marvel com mais elementos adultos, tanto em termos de assuntos como em termos visuais (apesar de neste último ponto estar praticamente empatada com Daredevil). Um dos pontos mais fortes é sem dúvida a relação entre Jessica e Kilgrave, por disfuncional e psicótica que seja, até mesmo desalinhada em intenções, o facto é que sem um antagonista tão único e aprofundado ao longo dos episódios, esta série não seria a mesma. Seria boa, sem dúvida, a produção e a maioria dos atores seriam os mesmos e fariam um excelente trabalho, mas não iria haver a mesma linha condutora que lhes permitiu desempenhos de excelência. David Tennant é o centro das atenções sempre que aparece em câmara, com um desempenho que varia entre assustador, psicótico, humano, carinhoso e assassino, na pele da sua personagem.

Jessica Jones foi uma aposta ganha, tanto em termos de escolha das personagens para esta nova série, como em termos do voto de confiança na Netflix para produzir mais um conteúdo Marvel. Apesar desta ultima entrada no MCU ser maioritariamente considerada a melhor até à data, o facto é que os seus raros pontos fracos são alguns dos pontos fortes da competição. Esta série peca apenas por ser linear – há twists e surpresas, claro – mas no fundo o objetivo é sempre ir de A a B para atingir C. Poucos elementos são acrescentados a esta fórmula e acaba por haver pouca variedade. O que no fundo não é um problema, visto que tudo o que é oferecido ao espectador é de tão alta qualidade – mais David Tennant por favor – que ninguém se importa. No entanto, se compararmos isto a Daredevil que também tinha um antagonista brilhante mas que procurava diversificar um pouco mais os conflitos do herói e dos personagens secundários à sua volta, é este último que leva o título.

Conclusão:

Jessica Jones é sem dúvida uma das melhores séries do ano. Recomenda-se tanto para fanáticos de banda-desenhada como para os casuais que provavelmente nem reconhecem as personagens. Recomenda-se ainda para os que nem sabem o que é exatamente a Marvel, porque o que esta série vem provar é que não é necessário visuais coloridos ou poderes maravilhosos para criar diferentes géneros de ficção, algo que já tem vindo a ser provado no cinema.

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