Destaques do Mês
  • The Conjuring 2 – A Evocação
  • Sugestão para Domingo à Tarde #36: Out of Africa (Sydney Pollack, 1985)
  • A Rainha do Deserto (Queen of the Desert, 2015)
Data
24 August 2016
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The Revenant: O Renascido (2016)

Grandes filmes têm o poder de transmitir o inimaginável. Sentamos-nos no escurinho do cinema e durante uns minutos acompanhamos o sofrimento físico e emocional do personagem que 99,9% de nós nunca irá compreender. Demasiadas vezes, estes testes de endurance parecem manipuladores, e até falsos; como espe(c)tadores atentos, somos inteligentes o suficiente para ver as cordas serem puxados. O que é impressionante no novo filme de Alejandro Gonzalez Iñarritu é a sua eficácia, que confunde simplicidade com arte. Revenant: O Renascido não se vê, experiência-se. Um dos filmes mais pesados e emocionantes dos últimos tempos. É garantido sair da sala exausto e impressionado com a qualidade de cinematografia.

Iñarritu e o seu co-guionista, Mark L. Smith, configuram a tonalidade bastante cedo; com um empolgante ataque sobre um grupo de esfoladores de ursos, pelos nativos, que são apresentados, não só como o inimigo mas também como uma força da natureza. Enquanto uns fogem e os outros lutam, uma cena do Apocalypse Now surge como imagem representativa daquela violência.

Com poucos homens e com o tormento da perseguição, o líder da expedição (Domhnall Gleeson) ordena que se retorne à base, um forte no meio da neve. John Fitzgerald (Tom Hardy) não concorda e são assim plantadas as sementes da dissidência.

Aqui chega o momento mais gráfico e impressionante de todo o filme: enquanto Glass (Leonardo Dicaprio) está longe do resto da equipa, é brutalmente atacado por um urso – cena, que sem recurso a hipérbole, é uma das cenas mais fortes que vi recentemente. Glass mal sobrevive ao ataque e as hipóteses de voltar à base parecem muito reduzidas. Com as péssimas condição e o risco de emboscada, a equipa separa-se, deixando Fitzgerald e Bridger (Will Pouter) para trás, a tomar conta do ferido Dicaprio.

Como quem espera desespera, Fitzgerald rapidamente se farta do posto e acaba por matar o filho de Glass(misto entre nativo e americano) e enterrar vivo o personagem de Dicaprio. Dicaprio, volta dos vivos e assim começa a sua missão de vingança.

O cerne do filme consiste na tortuosa viagem, em que Dicaprio recupera as suas forças e persegue o assassino do seu filho. Iñárritu volta a mostrar os seus dotes como cinematógrafo (após ter ganho uma estatueta com Birdman), Emmanuel Lubezki (depois de Gravity) captura tão bem aquele céu que parece estender-se para sempre, a neve dura, numa palete de cores tristes e naturais. Muitos dos planos são seguidos e deixam o espectador no meio da acção, e o cinematógrafo na corrida para os prémios. As escolhas de Lubezki evocam, por vezes, o seu trabalho na Árvore da Vida, especialmente nas cenas onde o passado se cruza com o presente, ou, a imaginação se cruza com o real, e se torna místico.

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Quanto a Dicaprio e Oscares:

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Dicaprio está completamente comprometido com a sua personagem, em todos os tortuosos momentos, empurrando os limites sempre um bocado para  a frente. Como actor, este papel implica uma dedicação física e emocional enorme e Dicaprio, surpreende pela positiva. Dicaprio captura na essência o espírito humano no seu extremo, prestes a quebrar: o corpo a ceder, mas o espírito, enquanto tiver folgo, contínua.

As long as you can still grab a breath, you fight. You breathe. Keep breathing. When there is a storm. And you stand in front of a tree. If you look at its branches, you swear it will fall. But if you watch the trunk, you will see its stability.

Gleeson teve um ano espectacular no cinema, com Brooklyn, Ex Machina Star Wars. Tom Hardy também faz um papelão enquanto antagonista.

 

  • Helena Rodrigues

    😀 A ver se vejo este fim de semana!

  • João Filipe

    Pessoalmente estava á espera de mais! :/ Um bocado aborrecido…

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