THE PEOPLE v. O.J. SIMPSON: AMERICAN CRIME STORY "From the Ashes of Tragedy" Episode 101 (Airs Tuesday, February 2, 10:00 pm/ep) -- - Pictured: (l-r) John Travolta as Robert Shapiro, David Schwimmer as Robert Kardashian, Cuba Gooding, Jr. as O.J. Simpson. CR: Ray Mickshaw/FX

Série para quem não gosta de séries, e quer é cinema: American Crime Story (Scott Alexander e Larry Karaszewski, 2016 – )

O Spoon é feito de muitos autores e, por isso, é importante avisar de antemão que esta é a opinião de alguém que adormece compulsivamente na maioria das séries. No currículo permanece a narcolepsia em obras como “Guerra dos Tronos”, “Walking Dead”, e outras tantas séries, o que fará com que muita gente se questione “então, mas este gajo gosta de cinema e não vê séries boas?”.

Então, a minha dificuldade é mesmo acompanhá-las e, por isso, nada melhor que esta nova vaga de “séries que mais parecem filmes”, dada a qualidade investida em cada um dos episódios.

No meu CV de séries em que não adormeci constam; True Detective, Daredevil, e agora, American Crime Story (uma mini-série, é preciso referir)…

Pegar numa história verídica, sobre o mediático caso de 1994 “People V. OJ Simpson”, é logo o primeiro passo para atrair o público americano. Jogador de Futebol Americano/Actor caído em desgraça, acusado de matar a ex-mulher e o seu acompanhante; sem dúvida uma premissa cinematográfica que, infelizmente, aconteceu mesmo.

Se quisermos um paralelismo, para quem não gosta de desporto, OJ Simpson é o Carlos Cruz da América: Celebridade adorada, acusada de um crime abjeto, que sempre negou.

Ao longo dos anos, muita tinta tem corrido sobre este caso e, ainda que não se tenha 100% de certeza, a grande maioria acredita na culpabilidade de OJ.

Aqui temos o primeiro desafio para a série de Scott Alexander e Larry Karaszewski (geniais argumentistas de Man On the Moon, e Larry Flint), como pegar num caso que, neste momento, quase já não levanta questões, construindo uma narrativa imparcial, e criando dúvidas na cabeça da audiência: “Bem, se calhar ele não a matou, e foi tudo uma coincidência”; “Se calhar é uma perseguição racial”. E “Zás”! De repente voltamos ao ambiente de 1994, desaprendemos aquilo que já tomávamos por certo, e reconstruimos os acontecimentos de há mais de 20 anos, colocando tudo em causa.

É verdade. Ao fim de cinco episódios, é precoce avançar com louvores para a série. Afinal de contas, difícil não é lá chegar, difícil é manter a qualidade durante os episódios (basta lembrarmo-nos de séries como Lost, ou Prision Break). ACS funciona muito devido ao clima claustrofóbico e de tensão que despoleta. Nós sabemos a história (e quem não sabe, imediatamente correu para o wikipédia), mas mesmo assim não sabemos o que vai acontecer. Este paradoxo narrativo obriga-nos a querer ver mais, a avançar cenários, ainda que saibamos o desfecho factual.

A contribuir para este ambiente de thriller, temos um grande elenco: Cuba Gooding Jr. adquiriu trejeitos de OJ, David Schwimmer parece mesmo Robert Kardashian (sim, o pai das Kardashians), John “Botox” Travolta, o advogado de defesa John Shapiro  e…. Sarah Paulson, interpretando Marcia Kleks – como a Procuradora Pública responsável pela acusação contra OJ, – é genial, roubando todas as cenas e fazendo duas coisas: a) quem não conhece a atriz (e faz mal), vai imediatamente pesquisar sobre ela; b) é inevitável ir ao Google ver quem foi Marcia Kleks (vejam as semelhanças).

Keeping up with the Kardashians (versão júnior)

Depois, as filmagens, muito na continuação de séries como American Horror Story (os dois primeiros episódios foram realizados por Ryan Murphy, criador de AHS), tornam cada episódio de ACS um filme, com subsequentes sequelas.

Quem se interessa pela cultura americana, e quem gosta de bom entretimento, não pode deixar de acompanhar esta série, e ainda agora começou…

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