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Um Quarteto Único (Late Quartet, 2012)

Muitos títulos de filmes revelam a história que é abordada. Outros tantos usam-nos como um jogo inteligente de palavras, que apenas nos informa superficialmente sobre a temática.

Não! Um Quarteto Único não fala sobre o mundo, numa altura em que só havia 4 pessoas. Aliás, esta tradução é (mais uma) terrível. Late Quartet, na versão original, é um título inteligente a que esta tradução não faz jus.

A história gira em torno de um quarteto de música clássica. Porém, esta é apenas a ponta do iceberg. Este filme não fala sobre a vida de músicos. Fala sim sobre a vida, com a música (de Beethoven) em fundo. Philip Seymour Hoffman (num dos seus últimos filmes que estreou em Portugal) é Robert Gelbart, um segundo violinista que esconde o desejo de vir a ser o protagonista. Mark Ivanir é Daniel Lerner, o 1º violino e a estrela do grupo, alguém muito pragmático e que apenas usa o coração para a música. Por fim, Juliette (Catherine Keener), que é casada com Robert, e Peter (Christopher Walken) compõem o resto do quarteto.

A dinâmica deste grupo começa por se alterar quando Peter é diagnosticado com Parkinson, decidindo sair do quarteto. A partir desse momento, o que antes era sustentado pela música, começa a desmoronar-se.

Em relação ao elenco, era pedido que conseguissem incorporar todas as inquietações escondidas que cada um vive. Felizmente, a escolha de atores foi muito feliz, tendo todos uma prestação amplamente satisfatória. No entanto, há dois nomes que se devem destacar. Por um lado Christopher Walken, ele que nem sempre escolhe os melhores projetos, desta vez acertou. Mais importante que isso, conseguiu dar um tal realismo à personagem que mais parece que ele próprio está a passar por semelhante drama. Sem surpresas, o outro destaque recai em Hoffman. A sua personagem passa de alguém perfeitamente conformado com a vida, para um obstinado que quer, finalmente, arriscar. Consegue a todos os níveis, uma prestação excelente.

Incontornável é também a banda sonora, perfeito complemento para o filme (os ovos na omelete; o Rob Schneider no Adam Sandler, mas em bom).

Em suma, Um Quarteto Único é um filme sobre relações humanas com Beethoven a pautar o ritmo do filme. Vale muito a pena dar uma vista de olhos.

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