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Divertida-Mente (Inside Out, 2015)

Bem-vinda de volta Pixar, as saudades já batiam forte!

 

O precedente filme realizado por Pete Docter com a marca de água da Pixar estreou-se no Festival de Cannes de 2009, abrindo o mesmo. O filme – UP – começa com uma pequena montagem, que acompanha todo o curso de um casamento, desde jovens, os recém casados Carl e Ellie a atravessar o alpendre, através de picnics debaixo do céu azul, pela alegria da gravidez e pela tristeza da perda de um filho, até ao funeral de Ellie, décadas depois.

A sequência tornou-se rapidamente conhecida por fazer salas de cinema chorar em menos de 4 minutos. O novo projecto, Inside Out (ou Divertida-Mente na versão portuguesa) promete acompanhar o legado, e na minha opinião, até o suplantar. Isto porque o novo filme de Docter começa com nada mais, nada menos que o nascimento de uma consciência humana: num espaço abstracto dentro da cabeça de Riley, uma espécie de fada amarela chamada Alegria emerge debaixo do holofote. Ao carregar num botão na mente, faz com os que os olhos desta brilhem e que se ria. A vida de Riley acabou de começar.

E este é o plot do novo filme da Pixar, a exploração dos nossos pensamentos e emoções através da vida de Riley, desde a ingenuidade da infância até à adolescência. Uma ideia do realizador que vem da sua observação do mundo exterior, dos pensamentos e emoções das pessoas, que originou uma filme que não é inteiramente para crianças.

A maior parte do filme desenrola-se em duas zonas simultaneamente: na vida real, onde Riley tem agora 11 anos e se muda com a sua família do Minnesota rural para São Francisco; e no Quartel-General que representa a mente de Riley e onde se encontram as suas emoções – Alegria, Tristeza, Raiva, Medo e Repulsa. Estas trabalham todo o dia para nos guiar nas tomadas de decisão.

Tudo neste filme é tomado em consideração, desde as memórias que são transformadas em pequenas esferas brilhantes que permitem moldar a sua personalidade em crescimento, desde os cantos recônditos do subconsciente, da imaginação, dos sonhos, e do buraco para onde vai tudo aquilo que esquecemos e não volta mais. No entanto explicar sucintamente isto não faria justiça ao exímio trabalho de Doctor e do co-guionistas, Meg LeFauve e Josh Cooley.

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Um início de filme que relembra a grande obra prima de 2001 de Myazaki, Spirited Away, onde uma adolescente é obrigada a mudar-se, contra sua vontade, com a sua família.

O que é que acontece quando a Alegria e a Tristeza nos abandonam com o Medo, a Raiva e a Repulsa para comandar? Basicamente, tornamos-nos insuportáveis adolescentes. E o que se passa em Inside Out são experiências universais que nos mostram a importância da harmonia entre a felicidade e a tristeza. Afinal de contas a beatitude da infância não dura para sempre e as nossas melhores memórias enquanto adultos vêm sempre com toques de tristeza e saudade. Uma experiência humana e de coração cheio que promete ser um dos melhores do seu estúdio.

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