Destaques do Mês
Data
12 December 2015
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O Leão da Estrela (2015)

Após o visionamento de O Leão da Estrela – o segundo filme da trilogia, que teve como predecessor O Pátio das Cantigas e a que se seguirá Canção de Lisboa –  o que apraz dizer é tão desorganizado e aleatório, quanto o próprio filme. “Jagunço”, “descuidado”, “feito a retalhos”, são alguns dos adjetivos que surgem quando falamos da obra que, ao tentar ser despretensiosa, nos toma por parvos.

Diz quem vos escreve que, se no primeiro, se dá benefício da dúvida, em prol de algumas gargalhadas soltas que ocorreram a espaços, neste, nem São Miguel Guilherme nos safa porque, tirando uma ou outra cena, parece estar tudo em modo automático.

Os críticos e o pretensiosismo que Leonel Vieira repudia estão hoje em de Gaudio ao avistarem trampa em quase tudo o que o senhor Leonel tem tocado. Isto do Toque de Midas ao contrário está a pegar de estaca no cinema Português. Ei-lo, Leonel e o seu toque de Merdas.

Mas comecemos pelo Principio. Num lindo dia de 1947, com António Silva, Benfica, e Sporting, em pano de fundo surge o Leão da Estrela, em todo o seu esplendor e exagero da época, em que a Revista era transcrita diretamente para o cinema, e onde isso fazia sentido. Sensivelmente 53 anos depois, surge um telefilme chamado O Lampião da Estrela, em tudo semelhante, mas com um Herman José em apogeu, e o Benfica e o Porto no fundo, numa obra que eu catalogaria como remake.

Agora, em pleno final de 2015 surge uma caricatura que pouco preserva do original e que volta a tornar a população portuguesa numa pálida e estereotipada anedota.

Para isso contamos com Anastácio (Miguel Guilherme), pai de família, que vive com as suas duas filhas, a burra (Sara Matos), e a inteligente (Ana Varela), para além da sua mulher (Manuela Couto), e a sua destrambelhada sobrinha (Dânia Neto). A história centra-se na viagem desta família rumo ao Alentejo profundo, para que Anastácio possa ver a sua equipa (da 3ª divisão) jogar. Para que a trama se assemelhe ligeiramente ao original, metemos ao barulho outra família, da qual faz parte Alexandra Lencastre, José Raposo e André Nunes. Ah, como não poderia deixar de ser, Aldo Lima anda algures para ali a fazer dele próprio, mas com outro nome.

Objetivo: Recriar um filme e proporcionar humor fácil e simples para toda a família.

Resultado: Se os Batanetes fossem sodomizados pelos Malucos do riso durante duas horas, esta seria a sua horribilis cria.

Não querendo terminar o texto sem uma nota de esperança, a verdade é que, quando o filme acaba damos mais valor à vida, afinal o suplício terminou. No fundo é como andar um dia inteiro com sapatos apertados: quando os tiramos tudo parece melhor, e é mais fácil relativizar.

Portanto, se puderem parar de violar o cinema português, a gerência agradece.

Colherada Final

Veredito

Qualitativamente, O Leão da Estrela está ao nível de um ataque do miocárdio, mas mais doloroso e prolongado. Existem personagens que de tão irritantes e genéricas, dão vontade de arrancar as nossas próprias orelhas.
Para tornar tudo pior, nem Miguel Guilherme nos salva.
Quando num final de um filme pensamos "Que saudades tenho dos Malucos do Riso", então algo correu perigosamente mal.
Resumindo: Não vejam.

1/10