Destaques do Mês
Data
9 December 2015
Youth

A Juventude (Youth, 2015)

Fred Ballinger é um conhecido maestro e compositor que se encontra de férias num resort luxuoso na companhia da sua filha e do seu melhor amigo, um realizador de cinema que tenta escrever um último filme que sirva de testamento e legado à sua carreira. É neste cenário que o emissário da Rainha Elizabete II contacta Ballinger para dirigir uma orquestra numa das peças que escreveu, na comemoração do aniversário do Príncipe Filipe.

O maestro (Michael Cain), tal como o seu amigo, Mick Boyle (Harvey Keitel) têm de se deparar com o avançar da idade e todas as pequenas mudanças que isso implica, enquanto estão rodeados por jovens – desde empregados do hotel até outros hóspedes e até os próprios filhos – que têm também as suas particularidades e conflitos.

O filme concentra-se num conteúdo que alterna entre a comédia e o drama, contrastando a agitação psicológica e os desafios das personagens na perspetiva das próprias, com aspetos mais ridículos de algumas personagens que orbitam Ballinger e Boyle. No fundo acaba por ser uma narrativa que se foca em perspetivas e em expô-las aos olhos do público, sejam as memórias de uma filha em relação à sua infância sem o pai, os arrependimentos ou os mistérios deixados no passado de personagens demasiado avançadas na idade para se lembrarem do que querem, ou o monólogo interno de personagens quase figurantes acerca de como se posicionam no mundo. É nas encruzilhadas de todos estes pontos que surge a comédia, quando o dramático se torna ridículo ou o ridículo se torna dramático – neste filme tudo depende da perspetiva. Normalmente o convite é para acompanhar o maestro Fred Ballinger e ver a narrativa a partir dos seus olhos, mas nem sempre é este o caso, e não são poucas as vezes em que o contraste entre as memórias e o discurso de Ballinger e outras personagens é o que impele a ação para a frente.

O filme faz uso das gerações que emprega para transmitir uma mensagem de efemeridade: tudo é relativo e, no tempo, muito é esquecido. No entanto cada um de nós deve tentar o seu melhor para se sentir realizado e nunca se esquecer de se sentir agradecido pelo que tem. A Juventude trata disto como algo intergeracional, portanto algo universal ao ser humano. Sendo um filme que pretende ser profundo na sua mensagem, acaba por sofrer, numa avaliação imediata, de alguma monotonia.

Os momentos engraçados resultam e os dramáticos também, mas estão sempre dirigidos para o ponto final e tudo isto encontra-se envolto em intervalos de pausa em que excelentes pontos técnicos surgem no ecrã. Tanto a fotografia como o som e os cenários são de grande qualidade, fazendo um conjunto cinematográfico de elevada qualidade. Infelizmente isto não ajuda quando o espectador está a lutar com o ritmo lento do enredo. O que ajuda sim, são os atores que com desempenhos excelentes conseguem manter a chama acesa (ainda que fraca) mesmo nos momentos de maior tédio.

Colherada Final

Veredito

Os pontos fortes do filme são a sua mensagem cuidadosamente planeada e entregue aos espectadores de forma inteligente e subtil, executada na perfeição por grandes performances do elenco. Os aspetos técnicos são de louvar e Paolo Sorrentino conseguiu equilibrar vários elementos arrojados na conceção do resultado final que é apresentado ao público. Infelizmente sofre de um ritmo demasiado lento e metódico que rapidamente tende para o tédio. A Juventude recomenda-se mas com algumas ressalvas para os mais facilmente entediados por um filme focado em diálogos (por vezes demasiado longos ou profundos) e em aspetos técnicos, com um ritmo pouco dado à ação.

7/10

RELACIONADOS

ARTIGOS POPULARES