O Prodígio (Pawn Sacrifice, 2015)
Transformar o Xadrez num jogo sexy e empolgante, só mesmo em época de Guerra Fria, onde até Ping-Pong servia para quebrar barreiras. Neste caso, o Xadrez foi pretexto para unir os EUA, contra os malvados soviéticos – sim, os maus são sempre os outros.
Aqui o herói é improvável; um Esquizofrénico Paranóide, com surtos psicóticos, o “ganda maluco” Bobby Fisher. Na sua loucura, propôs-se a ser campeão do mundo de Xadrez. Problema: Os russos são muito bons a mexer em cavalos, torres, e afiliados, principalmente Boris Spassky (Liev Schreiber).
Ok, obviamente o filme é muito mais que xadrez, e consegue ir para além do “America rocks, Russian Sucks”. Além de que encontraram o papel perfeito para Tobey Maguire: Maluco sem expressão facial.
Então porque é que o filme não funciona (perguntam vocês em uníssono)?
Porque tem muitos focos, e acaba por se desfocar deles todos. Enquanto Biopic, foi inteligente ao centrar-se maioritariamente nos anos em que Bobby estava empenhado a ser campeão do mundo, e tem o mérito de entusiasmar, mesmo se tratando de Xadrez (e que me perdoem os amantes dos cavalos, bispos e afiliados). No entanto, sendo o foco da obra em parte a luta interna de Boby, a sua exploração acaba por ficar aquém, em prol da rivalidade com Spassky. Depois, claramente Bobby tinha “mummy issues”, que ficaram pela rama, tendo apenas sido dado um lamiré sobre o assunto (adoro esta palavra, “lamiré”).
Peter Sasgaard, que interpreta um Padre é talvez exemplo do que se trata de desperdiçar recursos. Ao início focam a relação deste com Bobby, e com o passar do tempo, borrifam-se completamente para isso, o que é pena, visto que Sarsgaard é talvez o melhor actor do filme.
Se isto tudo chega para que o filme seja mau? Claro que não. Mas acreditem que saí de lá com tanta vontade de jogar xadrez, como de apanhar Sífilis.
Enfim, vou desistir de ver Biopics
PS – Continuo a achar o Tobey Maguire um “Xoninhas”.