Destaques do Mês
  • The Conjuring 2 – A Evocação
  • Sugestão para Domingo à Tarde #36: Out of Africa (Sydney Pollack, 1985)
  • A Rainha do Deserto (Queen of the Desert, 2015)
Data
24 August 2016
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Música no Coração (The Sound of Music,1965)

Música no Coração é um clássico dos anos 60 que conta a história de uma jovem mulher que passa de aspirante a freira para governanta da casa de um oficial da marinha austríaca e, daí, para parte integral desta casa.

Maria é uma jovem rebelde, livre e genuína que, na sua tentativa de se tornar freira, deixa de cabelos em pé todas as irmãs do convento, inclusive a Madre Superior. Estas consideram que, apesar do seu coração bondoso e índole generosa, Maria se configura mais como um problema indecifrável do que como alguém imprescindível de elevar ao grau de irmã. Simultaneamente o Capitão Von Trapp, um oficial condecorado da marinha, tem de lidar com os seus sete filhos após o falecimento da sua esposa, missão esta que não se configura minimamente fácil tendo em conta o condão destas crianças para fazerem fugir em terror todas as governantas contratadas até ao momento.

Neste momento intersetam-se os destinos destas duas personagens: o Capitão envia um pedido à Madre Superior a inquirir acerca de alguém capaz de ocupar a vaga na sua casa e, por seu lado, esta vê-se por satisfeita em dar algum tempo de reflexão a Maria, longe do convento e das suas obrigações e rotinas rígidas. A partir daqui o filme centra-se na relação de Maria com os jovens Von Trapp e nos seus esforços para os conquistar e não para os domar com a disciplina militar do pai destes. Eventualmente também a relação com o Capitão é puxada para a ribalta com o desenvolver da narrativa.

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Aqui a preceptora e as sua sete (quase todas) crianças.

Como não podia deixar de ser, o elemento que mais se destaca em Música no Coração é a música que espreita ao virar de cada cena. Neste departamento as letras são bem pensadas, situando-se entre o cómico e o reflexivo, se bem que algo repetitivas, com refrões prolongados e frequentes. Comparado com obras da mesma época o filme podia estar muito mais saturado com momentos musicais, sendo que 4 em cada 5 contribuem para o efetivo desenrolar da história, sendo por isso uma mais-valia e não apenas fita queimada. Apesar de tudo, continuam a ser estes momentos os responsáveis principais por 174 minutos (quase três horas) de filme. Os atores têm excelentes desempenhos e parecem dar 100% do seu entusiasmo e vontade de atuar em cada minuto gravado, tornando esta visualização uma experiência realmente energética em vários momentos e devastadora noutros.

A inclusão, para o final, de elementos culturais, nomeadamente relacionados com o Terceiro Reich e a posição precária da Áustria na Europa pré II Guerra Mundial, acrescenta um toque de seriedade para lá das aventuras e desventuras amorosas das personagens, completando a obra e fornecendo-lhe um estatuto mais completo e merecedor de respeito por parte do público em qualquer momento do tempo em que seja visualizada.