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The Hunger Games: A Revolta – Parte 1 (The Hunger Games: Mockingjay – Part 1, 2014)

No próximo dia 20 estreia a primeira parte de Mockingjay da saga Hunger Games, provavelmente um dos filmes mais esperados do ano.

O final de Catching Fire deixa-nos com Katniss (Jennifer Lawrence) a ser salva do Jogo pelos rebeldes, ficando Peeta (Josh Hutcherson) à mercê do Capitólio. Katniss encontra-se agora no Distrito 13, onde tem que lidar com as sequelas de tudo o que passou, bem como com a sua nova vida enquanto símbolo de esperança numa Panem em guerra.

Esta divisão da parte final de uma saga é a última moda, e compreende-se que “fazer render o peixe” é uma razão mais que válida para as produtoras. Felizmente, neste caso é mais que uma tentativa de aumentar o lucro. A verdade é que é nos pormenores e nas nuances que a história de Suzanne Collins se destaca de outros livros do mesmo género: é mais que a soma de um triângulo amoroso com uma luta entre vilões e heróis. Esta é a única forma de se passar a complexidade das personagens, da história, e da tonalidade em geral.

 A temática política – já pano de fundo nos capítulos anteriores – tem especial destaque em Mockingjay. Katniss é fundamental para a guerra enquanto arma de propaganda, participando em vídeos promocionais (“propos” como Plutarch lhes chama) divulgados para toda a Panem. As entrevistas a Peeta, por sua vez, servem como retaliação por parte do Capitólio. O filme consegue também com êxito transportar-nos para o mundo subterrâneo do Distrito 13 – onde ocorre a maior parte da ação. É aqui que se encontra o foco da revolução, com tudo o que isso implica – compromissos, concessões, decisões impossíveis. A guerra é uma circunstância de constante sensação de iminência, que nos é transmitida não só em momentos específicos como em toda o carácter do filme.

Este consegue também agradar aos (por vezes tão exigentes) fãs dos livros. A divisão dá um espaço ao filme que lhe permite enriquecer visualmente a história, confirmando que uma imagem pode valer mais que mil palavras. Não se desvia muito do original – finalmente é explicada a existência dos Avoxes, rebeldes castigados pelo Capitólio a quem cortam a língua, e que já surgiam no primeiro livro. A poucas alterações que fazem são mais que justificáveis, como a presença de Effie Trinket, apesar de esta não aparecer no livro. O desempenho de Elizabeth Banks reitera o que já se sabia dos capítulos anteriores: ela consegue dar à sua personagem uma ligeireza característica, sem no entanto a caricaturar. Se esta faceta já fora importante no passado, num filme com a carga emocional de Mockingjay torna-se essencial.

Considerando o elenco, é evidente que Banks não é a única actriz de destaque. Não poderia escrever esta crítica sem mencionar Philip Seymour Hoffman, desempenhando um Plutarch que contrasta com a Presidente Alma Coin (Julianne Moore) e, consequentemente, com o seu Distrito 13, realçando desta forma algumas das suas falhas. Jennifer Lawrence regressa com uma Katniss mais frágil, perturbada, com maior dificuldade em lidar com a pressão que a rodeia. Donald Sutherland (Presidente Coriolanus Snow) continua o pérfido e perfeito vilão, e as curtas aparências de Josh Hutcherson como Peeta prometem o seu êxito no próximo filme, que exigirá mais do ator que em qualquer outro momento da saga.

Com todas as suas qualidades, a primeira parte de Mockingjay não deixa de ser acima de tudo uma ponte: a sequela de Catching Fire, o preâmbulo para o desfecho da história. É, no entanto, uma ponte essencial para a saga: tanto as personagens como o enredo deixam o espectador agarrado à cadeira durante todas as duas horas. O final, de suster a respiração, deixa tudo estabelecido e consolidado para um final no próximo ano extremamente promissor.

Colherada Final

Veredito

Uma boa história, numa saga que tem melhorado a cada filme, prometendo um final inesquecível daqui a um ano.

8/10

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