The Hunger Games: Retrospectiva Spoon – Part I
Há uns anos atrás ninguém imaginava que existiria no cinema um subgénero “adaptação-de-série-de-livros-para-jovens-adultos-sobre-futuro-distópico-pós-apocalíptico”. Mas a verdade é que em 2015 – no espaço de 8 meses – estrearam 3 filmes nesta categoria, o que mostra que há claramente um excesso. Apesar de ser fácil pôr todas estas sagas no mesmo saco, The Hunger Games tem que ser destacado, e não apenas por ter sido o primeiro fenómeno deste género.
Em 2012 conhecemos Panem, uma nação estabelecida na América do Norte. Esta consiste num Capitólio ridiculamente abastado e em doze distritos pobres (com fome, percebem?). Como punição por se terem tentado rebelar no passado, todos os anos são selecionados em cada distrito um rapaz e uma rapariga entre os 12 e os 18 anos como “tributos”. Têm que participar num evento organizado pelo Capitólio em que apenas um deles sobrevive: The Hunger Games.
Esta é uma premissa cativante que consegue ser apresentada com alguma subtileza e sem demasiadas explicações. Mais do que o contraste entre o Capitólio e os distritos é a atitude dos mais ricos perante os Jogos que nos obriga a pensar. Não é por acaso que a inspiração inicial da autora Suzanne Collins foi estar a fazer zapping e ver na televisão um reality show seguido de uma notícia sobre a guerra no Iraque.
O primeiro filme apresenta-nos também a Katniss Everdeen, também conhecida como a personagem que elevou a Jennifer Lawrence ao estrelato. Ela voluntaria-se como tributo para salvar a sua irmã mais nova que foi selecionada. Este é sem dúvida um dos elementos mais interessantes da saga. Katniss não é uma super-heroína destemida que anda alegremente mandar umas flechas ao mauzões. Ela é uma jovem que passa por eventos traumáticos e que tem que lidar com isso enquanto tenta sobreviver e manter as pessoas de quem gosta a salvo. São as suas experiências que justificam a sua evolução ao longo dos filmes (mais sobre isto na segunda parte deste artigo).
The Hunger Games é uma boa introdução à saga, mas não atinge o potencial que a história original lhe garante. É entre este e a sequela que se dá a substituição do realizador Gary Ross por Francis Lawrence (fui confirmar à internet e não tem qualquer relação familiar com a actriz principal). Este é o responsável por todos os restantes filmes, incluindo o que estreia esta semana.
Em Catching Fire dá-se claramente uma mudança, com uma grande melhoria em termos visuais. Como a premissa já é conhecida há espaço para que as personagens que conhecemos evoluam e para conhecermos novas personagens, tudo enquanto Katniss encara as consequências de se tornar um alvo do Capitólio. Ao longo do filme vamos ficando cada vez mais embrenhados no enredo, e quando chega a reviravolta final é impossível não ficarmos agarrados à cadeira, desejosos de saber o que é que acontece a seguir. Se no primeiro filme ficamos a conhecer a história, é no segundo que ela nos conquista. Fica quase impossível esperar pela continuação…