Hachiko: Amigo Para Sempre (Hachi: A Dog’s Tale, 2009)
O filme deveria ter começado com um aviso dizendo que, para aqueles com coração, seria necessário um grande pacote de Kleenex ao lado.
Hachi é baseado numa história verídica, o que à partida faz com que, quem veja, saiba o que vai acontecer. A história original passou-se no japão na primeira metade do século XX e aborda a odisseia de Hachi, que todos os dias ia buscar o seu dono à estação de comboios. Hachi esperava pelo dono, mesmo quando ele deixou de aparecer, esperando 9 anos naquela estação por ele.
Estamos, assim, perante uma narrativa de fazer chorar as pedras da calçada. Nesse sentido, adaptá-la a uma realidade Americana – mais de 50 anos depois – foi uma ideia muito engenhosa. Alteram-se uns factos, afloram-se umas cenas e forçamos o espectador a chorar. Todos os filmes com cães (e.g. Marley e eu, My Dog Skip) usam estes apetrechos, tornando-os vulgares.
Certo é que, ao abordar um tópico com o qual nos identificamos, e choramos, transmite a ideia de que estamos perante um produto de qualidade. A maioria, acaba por não o ser. Em relação a Hachi, usa os mesmos métodos, mas a um nível superior.
Sim, exagera numa ou noutra cena, especificamente a cena final, onde o objectivo é fazer-nos chorar como little bitches. Todavia, na maioria das vezes limita-se a contar a história, que provoca emoções por si só. Nesse sentido, o mérito recai para Lasse Hallstrom, que procura contar algo sem a necessidade de recorrer a “golpes baixos”, que nos farão chorar como se tivéssemos sido atingido no meio das virilhas (no caso do homens).
A compor toda a obra está a bela música de Jan A.P. Kaczmarek, já galardoado com um Óscar por Finding Neverland. Aliás, a banda sonora consegue ter a capacidade de ser triste, sem ser “lamecha-inspiracional”, típica no género.
Não obstante, apesar de bem conseguido, não é original. Esta é aliás a maior falha do filme. Usa os mesmos métodos, mas com uma maior qualidade. Por isso, talvez seja interessante comparar esta versão de Hachi, com o seu original de 1987, Hachikô Monogatari.
Veredicto: Se chorar for gay, quem vir este filme será automaticamente transformado em José Castelo Branco. Não acrescentando nada ao género, é conceptualmente dos mais bem conseguidos, digno de Lassie.