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Filmes da Minha Vida #6 : 500 Days of Summer (Marc Webb, 2009)

Admitir que se vê comédias românticas é quase como ser escuteiro: o meu pai dificilmente iria aceitar, e os meus amigos vão achar que jogo na equipa do Cláudio Ramos. No entanto, confesso tê-los como guilty pleasures (Nothing Hill e afiliados de dor de corno). 500 Days of summer não é Guilty Pleasure, nem é comédia romântica, se não vejamos:

Boy meets girl. Boy falls in love. Girl doesn’t

Aqui a dor de corno é exacerbada e transformada em catarse. O tipo apaixona-se, a tipa nem por isso.

Jovem, esta é a premissa mais universal de sempre, porque sejas feio, gordo, lindo, benfiquista, sportinguista, deficiente (físico e/ou mental), se és homem, mulher, misto, se gostas de obras primas, ou se te contentas com a prima do mestre de obras; de certeza que já levaste uma tampa!

A universalidade deste conceito faz com que após 500 days of summer, expressões como: “fogo, isto é sobre mim” surjam repetitivamente. Não se iludam, ou se sintam especiais, apenas significa que algures no vosso passado/presente algum rapaz/rapariga vos deixou na merda, e este filme apenas serve de reminder (normalmente acompanhado de doses industriais de gelado do LIDL).

Então o que é que esta obra tem de tão especial:

The following is a work of fiction. Any resemblance to persons living or dead is purely coincidental. Especially you Jenny Beckman. Bitch.

Resposta: O filme personaliza, e apesar de não ser sobre nós, desconstrói o conceito de comédia romântica, tornando-a mais mundana e próxima da realidade.

Aqui não temos um tipo saído do ginásio com um fato Armani e dinheiro, ninguém sabe bem de onde, que luta por merecer o amor de uma loira anoréctica saída da casa dos segredos (mas que nos filmes normalmente é médica ou advogada).

Neste caso existe um rapaz que faz postais e uma rapariga destrambelhada que não acredita no amor: o Tom, e a Summer.

Tom: What happens if you fall in love?
Summer: Well, you don’t believe that, do you?
Tom: It’s love. It’s not Santa Claus.

Depois, os diálogos são dignos de citações de pitas no facebook. Cada frase dá uma quote perfeita para qualquer adolescente lançar para as redes sociais na busca de um “like” que dê significado à sua vida.

Acreditem que ao pôr citações de filmes traduzidas para brasileiro, a vossa vida só vai piorar.

O duo de protagonistas é outra das razões que nos fazem ficar agarrados a esta obra. Joseph Gordon-Levitt nasceu para ser este Tom e Zooey Deschanel é claramente Zooey (e ficou completamente agarrada a este papel para toda a vida). Para além do carisma deste duo, acrescenta-se quilos de química e uma dose de realidade nas interações. Summer é a bitch que queremos odiar e não conseguimos, e Tom é o “manso” pelo qual sentimos compaixão porque, convínhamos, quem não foi banana por amor que atire a primeira pedra (retiremos somente Zéze Camarinha e Jesus Cristo desta afirmação).

Por fim, temos a magistral banda sonora: Regina Spector, Temper Trap, The Smiths, e até a própria Zooey, tornam 500 Days of Summer, mais que um filme, uma obsessão “Ipódica”.

This is not a love story. This is a story about love.

Para quem ainda tem dúvidas, este é claramente um dos meus filmes preferidos, e uma obra de iniciação à “filha da putice que é o amor”, uma espécie de “aguenta o amor para totós”, um verdadeiro manual para perceber que a funcionalidade do amor, à semelhança da eficácia do humor, é tudo uma questão do timing da punchline.