O Médico (The Physician, 2013)
Philipp Stölzl pode ainda não ser um realizador muito afamado, no entanto, já conta na sua filmografia com algumas obras, quase todas com uma mesma característica: filmes de ação, com um ritmo elevado de progressão; nesse aspeto, talvez o exemplo mais conhecido seja O Expatriado, com Aaron Eckhart. Desta vez regressa – ou regressou em 2013 – com um épico medieval, O Médico.
A particularidade principal deste médico é o gosto por longas caminhadas, e por andar mascarado. Contextualizando, Rob Cole (Tom Payne) – o futuro doutor – vê a sua mãe morrer de aparente apendicite, sem que o conseguisse evitar – o que é normal, atendendo a que a história se passa no séc. XI. Ficando órfão, Rob encontra uma espécie de perceptor, interpretado por Stellan Skarsgård, que acumula as funções de barbeiro e médico, ainda que muito rudimentar. No entanto, apesar desse arcaísmo, Rob tenta aprender a arte que o barbeiro pratica. Mais adiante, o barbeiro cega com cataratas e é curado por um judeu – povo naquela época mais evoluído cientificamente. É nessa altura que Rob descobre que a melhor escola de medicina era do outro lado do globo, na longínqua terra regida por muçulmanos, e onde apenas os muçulmanos e judeus eram bem recebidos, partilhando os mesmos hospitais – é inevitável ler esta última frase e verificar a ironia das coisas se as compararmos com o presente. Rob tinha apenas um problema: não poderia ser cristão no oriente. Ora o que é que o cristão tem a mais que o judeu? Exatamente. E Rob lá teve que cortar.
O filme, com duas horas e meia, facilmente poderia ser dividido em três atos: a) “A Anita vai ao médico (neste caso ao barbeiro/médico) ”; c) A Anita vai à praia (neste caso deserto); c) A Anita vai à escola (de cirurgião). No entanto, e sempre em prol do ritmo alucinante que, efetivamente, este épico tem, são inseridas múltiplas histórias desligadas umas das outras. Uma espécie de Pompeia, mas com muitas saídas de emergência.
Passando o deserto, onde Rob obviamente conhece uma rapariga que voltará a ver mais tarde, chegamos a terras muçulmanas e damos início a uma outra história. Aí surge o professor/médico Ibn Sina (Bem Kingsley) e cria-se uma dinâmica completamente diferente, numa toada sempre bastante energética, com situações novelescas a passarem a um ritmo vertiginoso.
Os atores cumprem mas, verdade seja dita, nem os personagens, nem a história, tenta ir mais para além da superficialidade do observável.
A má integração das sequências apenas é disfarçada devido à velocidade das mesmas, criando a sensação que estamos perante um filme de tirar o fôlego. Na realidade é um filme indicado para todos, mas especialmente para peixinhos dourados e labradores, que não conseguem manter a concentração por mais de 5 segundos, nem será preciso, porque as cenas sucedem-se a esse ritmo.
Colherada Final
Veredito
Como diz alguém que eu conheço “É muito difícil ser pessoa”, ao que eu acrescento “é muito ser difícil ser pessoa no médio-oriente no séc. XI”. Basicamente este filme é o cruzamento entre o Mil e Um Maneiras de Bater as Botas, com o Pompeia, mas mais feliz. A conceção é que é infeliz.