Amor Impossível (2015)
Confesso-vos o caráter demasiado parcial e bipolar que esta crítica possa revelar. Afinal de contas, como comentar um filme de alguém que prezamos – António Pedro Vasconcelos (APV) – e de alguém que (des)prezamos – Tino Navarro? Se um já teve o toque de Midas, o outro tem o toque de merdas (é fácil adivinhar quem é quem). Para a mistura, junta-se o talento de Tiago R. Santos, que prova que só uma boa ideia não faz um bom filme, mas pode ajudar.
Baseado em factos reais (com contornos à Correio da Manhã), o filme centra-se na investigação do desaparecimento de Cristina (Victoria Guerra), e cujo principal suspeito é o seu namorado, interpretado por José Mata. À medida que são descobertas novas pistas do crime, passamos a acompanhar duas histórias de amor. A de Cristina, e a de Madalena (a musa de APV, Soraia Chaves), que vive de caso com Marco (Ricardo Pereira). De destacar que para além de “temperarem o corpo” um com o outro, também são os agentes da judiciária alocados a resolver o caso.
Ao contrário do “horribilis” Leão da Estrela, também com o argumento de Tiago, este Amor Impossível ganha por partir de uma ideia original no contexto de cinema português. A história, contada através de analepses, tem o objetivo de em simultâneo envolver o espectador no mistério, e passar dois conceitos diferentes e fatalistas de amor, algo que em parte vai conseguindo.
Depois, conta também com diálogos arrojados (às vezes a roçar o arrojado de mais, a fazer lembrar os meus tios de braga). No entanto, caímos novamente no síndrome de cinema tuga chamado “Mas quem é que fala assim pah?”, deambulando entre os diálogos de arrojo e os diálogos à “Pedro Arroja”.
“Quase”, é o que melhor descreve o filme. Está quase lá… Um pouco à semelhança daquele jogador de futebol que nos juniores do Cucujães marca 20 golos, mas que se transfere cedo demais para o Benfica e acaba nas bombas da Repsol.
Pelos atores, principalmente por Victoria Guerra e José Mata, o filme vale o esforço. A espaços tem até diálogos efetivamente muito bem conseguidos, e com rasgos de realidade. Infelizmente, a obra não é consistente, e às tantas auto descredibiliza-se e torna-se redundante, passando a mesma mensagem sobre o amor repetitivamente (já percebi que o amor é uma merda, não precisam de bater mais no ceguinho!). Valeu a tentativa, e que o próximo seja melhor.
Colherada Final
Veredito
Sofrível, mediano, esquecível, mas com uma boa ideia no seu génese, e boas interpretações. Se isso faz deste Amor Impossível um bom filme? Não, faz dele um filme tolerável. Não vale a pena catalogar, mas fazendo-o, esta obra é um filho entre o cinema de autor e o Blockbuster à la Michael Bay (sendo que o fogo de artifício é a Victoria Guerra), o que já seria de esperar tendo em conta os interlocutores.
Fica aqui a reflexão, talvez o ICA (Instituto do Cinema e Audiovisual) devesses repensar a forma como distribui dinheiro,