Destaques do Mês
Data
26 December 2015
chef-post

SUGESTÕES PARA DOMINGO À TARDE #15: Chef (2014), Jon Favreau

John Favreau é um fenómeno interessante em Hollywood. Sobejamente conhecido e reconhecido, nunca foi daqueles realizadores que se pensasse logo à partida que fosse capaz de grandes feitos cinematográficos, muito menos em termos de cinema independente. Ora, nesta proposta domingueira, vemos um Favreau a poupar nos efeitos especiais – ao contrário dos seus Iron Man – mas que mantém o forte apelo ao espectador. Talvez por isso tenha ganho o prémio da audiência no Festival de Tribeca em 2014.

A questão aqui é perceber o que diferencia esta comédia das demais? A resposta tem que ver acima de tudo com a empatia que cria com o público.

Carl (John Favreau) é um chef de um restaurante famoso, mas que perdeu a liberdade criativa, vivendo numa infelicidade latente. O que lhe custou um casamento – ainda por cima com Sofia Vergara, ou neste caso com Inez – e o tornou um pai ausente. Um dia, recebe uma má crítica à sua comida e perde a cabeça. Infelizmente, esse momento foi gravado e tornou-se viral, o que lhe custou o emprego e o obrigou a começar de novo.

Em primeiro lugar, há que gabar a inteligência social de Favreau – que realiza, protagoniza e interpreta – escolhendo um elenco carismático e, acima de tudo, foi esperto ao ponto de colocar Scarlett Johansson (ainda que por breves instantes) e Sofia Vergara, como interesses românticos (como é difícil ser realizador!). No entanto, a realidade é que esta é mais uma história prototípica de como chegar de “A” a “B”. Sendo “A” o ponto de onde se parte – neste caso, infelicidade e distância parental – para o ponto “B” – fazer o que se gosta, e ter o filho e Sofia Vergara por perto. A receita apresentada de causalidade direta mais parece um anúncio das televendas, simplificando o caminho que se teria de percorrer até chegar ao ponto desejável.

Esta receita hollywoodesca apetitosa, não apresenta grande ambição – curiosamente, a falta de ambição é a crítica feita inicialmente à comida deste chef – mas, ao contrário de outras obras do género, é suficiente para cativar.

O charme emanado pelo filme tem muito que ver com o elenco escolhido, com a banda sonora que o acompanha, e com a temática: a comida. Acima de tudo, este é um filme que, mais que fazer rir, nos faz sorrir, deixando-nos com fome para ver mais (e literalmente também nos deixa com fome).

A falta de ambição é algo que era ponto assente desde o início, mas que conseguiu ser compensada, até certo ponto, pela habilidade como o próprio filme se vende e cativa. A verdade é que durante aqueles 110 minutos acreditamos na ementa que nos servem e só o debriefing posterior nos faz regressar à realidade.

 

ARTIGOS POPULARES