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A Queda de Wall Street (Big Short, 2015)

Uma péssima tradução de título, um excelente filme!

Explicar o crash do mercado imobiliário de 2008 nos EUA não é fácil: spreads, juros, hipotecas, as palavras são tantas e tão complexas, que se poderia colocar um spoiler do star wars no meio e iria passar tudo incólume, tal é o nível de aborrecimento das expressões bancárias.

Sim, todos nós ouvimos falar da crise que o mercado imobiliário sofreu, assim como o seu contágio para todo o sistema bancário no mundo, levando milhões à falência, e a um cenário que ninguém conseguia prever (ou quase ninguém).

Aqui falamos de pobreza, desemprego, suicídio, e um cenário apocalíptico, em que a bolha imobiliária rebenta de forma estrondosa.

Sendo um assunto tão sério e impactante, obviamente seria alvo de escrutínio por parte da literatura, e assim se criou um best-seller: The Big Short: Inside the Doomsday Machine de Michael Lewis, foi um sucesso instantâneo em 2010. 5 anos depois surge o filme e, mais uma vez, encontramos o sucesso instantâneo.

Aqui seguimos as pisadas da exceção à regra: um grupo de pessoas, sem ligação aparente, unidos pelo facto de serem os únicos que conseguiram antecipar toda esta crise. Pelas mãos de Adam McKay, um realizador de comédias como Anchorman e Agentes de Reserva, é nos dada a mais dramática das histórias, contada em tons trágico-cómicos. Quem tiver consciência vai-se sentir mal pelas risadas que irá dar durante a obra.

Qual é a receita? Fácil! Partir a quarta parede. O filme é uma espécie de “O Crash de Wall Street para Totós”, com recurso a diversos cameos desconchavadas (até a Selena Gomez entra),  com as analogias mais lendárias e inesperadas.

Depois, temos os atores a falarem diretamente para nós, saindo e entrando da personagem quando e como querem, sem que isso quebre o ritmo inebriante da obra.

Enérgico, dinâmico, estruturado, orientado para o detalhe; tudo adjetivos que se devem dizer numa entrevista de emprego e que este filme tem, e sabe justificar. Big Short está para o cinema, como Tino de Rans para calcetar. Perfect Match.

Desconstruir um assunto tão sério e explica-lo com recurso a comédia só funcionou na perfeição devido ao carismático elenco: Brad Pitt, Ryan Gosling, Steve Carell, e Christian Bale são dos melhores e mais empáticos atores de Hollywood na atualiade, e a obra tira todo o proveito disso.

Fica no entanto a sensação que é um filme que descarta completamente o papel da mulher; as personagens são quase todas homens, com muito carisma, mas unidimensionais. Sabemos pouco sobre elas, porque o foco ficou todo concentrado no entretenimento, até chegar ao climax. A verdade é que nem na Red LIght District em Amsterdão, se consegue um climax deste gabarito (e sem sífilis).

No final temos um filme que nos garante 100% de entretenimento puro, e não queremos que acabe. Quem vos escreve aprova, e garante que vai voltar a ver.

Colherada Final

Veredito

"Rir com o mal dos outros" é a expressão que melhor se adequa ao filme. Passados 9 anos da crise, é enfim tempo de se tirar partido cinematográfico de um dos maiores "crash" da história do sistema bancário e imobiliário.
Dar esta história um tom cómico é arriscado, mas em Big Short funciona na perfeição.
Entretenimento de uma ponta a outra, que fará 2 horas parecerem 5 minutos.
A não perder

8/10
  • https://www.facebook.com/salaesgotada/ Sala Esgotada

    Na lista! E que grande lista tenho eu ainda para ver… meu Deus!

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