Destaques do Mês
  • The Conjuring 2 – A Evocação
  • Sugestão para Domingo à Tarde #36: Out of Africa (Sydney Pollack, 1985)
  • A Rainha do Deserto (Queen of the Desert, 2015)
Data
23 August 2016
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O Spoon foi ao LEFF #3 – David Gordon Green: All the Real Girls (2003)

Uma ode à dor de corno latejante

Mais um filme, mais um dia de cinema no LEFF. De volta aos homenageados, desta vez coube-nos um dos mestres do Indie Norte-Americano, David Gordon Green.

Aqui, o indie é ainda mais indie, por ser a segunda longa-metragem deste realizador. A melodia de fundo que parece feita numa garagem, as filmagens tremidas, e a própria narrativa, são expoentes de um independentismo que agora está a ficar gasto, mas que na altura atingiu um estado de equilíbrio pueril da ideia ligada à ingenuidade. Resultado: A Zoeey Deschanel parte corações, e o espectador quer beijá-la e bater-lhe.

Contextualizando, temos uma história de amor entre Paul (Paul Schneider), e Noel (Zoeey), um jovem mulherengo, e uma virgem recém-chegada de uma escola segregada por género.

Como apanágio deste género de obras, a narrativa não é linear, nem procura alcançar um final feliz, e nesse sentido, quase que parece uma prequela de 500 Days of Summer, onde esta Summer, mesmo virgem, consegue pôr o engatatão da vila a chorar – estou agora a imaginar as feministas que leem o site, a queimar soutiens.

Com paisagens tremidas, e a dar mote à carreira que David Gordon Green tem construído, o foco é sobre as relações humanas, e as suas incongruências. O objetivo não é de ir de A a B, antes sim, perceber que existem vários caminhos, e que no final, temos um tipo de 1,90m a chorar.

É difícil explicar o que nos prende à cinematografia de DGG, mas a verdade é que, neste caso, a prestação da menina Zooey ajuda e muito. Aliás, o filme é quase todo sustentado nas dinâmicas do duo de protagonistas, com um ou outro apontamento dos atores secundários (como Danny McBride, e Patricia Clarkson). A fazer lembrar o início de carreira de Kevin Smith, com o foco nos diálogos, com uma filosofia simples, sem ser simplista, e com um ênfase nos diferentes estados emocionais.

No fundo, a ter que resumir, ficaria algo como “Karma is a Bitch”.

Vejam e não se esqueçam de visitar o festival antes que ele acabe.