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Data
27 August 2016
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O Senhor Babadook (The Babadook, 2014)

Seis anos após a violenta morte do seu marido, Amelia (Essie Davis) vive em luto. Esforça-se por disciplinar o seu filho, Samuel (Noah Wiseman), uma criança que acha difícil de amar. Os sonhos do filho são atormentados por um monstro que acredita querer mata-lo a ele e à mãe. Quando um livro chamado The Babadook surge por casa, Sam fica convencido de que o monstro da história é a criatura com que sonha. As sua alucinações começam a ficar fora de controlo e torna-se cada vez mais violento. Amelia, genuinamente assustada com o comportamento do seu filho, vê-se obrigada a medica-lo.

O livro é posto de lado, mas os estragos já foram provocados. Imediatamente, os sinais de vida do Sr. Babadook começam a assombrar os sonhos da mãe e do filho do mesmo modo. Ou estarão eles bem acordados? O livro é destruído, mas volta – numa das grandes invenções de Kent – com novas páginas profetizando um desfeito aterrador a esta história.

Quando começa a ter vislumbres de uma presença sinistra em seu redor, amanhece, lentamente, sobre Amelia que tudo aquilo pode ser real.

Rasga e queima o livro, mas o Babadook já está em casa.

Os personagens habitam um mundo que parece não ter cor; desde roupas, móveis, paredes pintadas em tons de cinza e preto, como que se eles mesmos também se encontrassem num estado perpétuo de luto. Isso cria a sensação correta da realidade subjetiva para um filme sobre monstros que não brotam de algum reino demoníaco longínquo, mas sim das trevas do nosso próprio subconsciente.

Quase todas as sequências de Babadook são ambíguas. Inspirado pelo expressionismo Alemão e pelos filmes de terror que a corrente influenciou, Senhor Babadook, faz-nos refletir sobre qual é a visão que está a distorcer a realidade. É este o mundo real ou é sempre uma versão filtrada através das mentes inquietas de Amelia ou Sam? Todas as três possibilidades se sobrepõe durante a hora e meia de filme, mesmo no quadro final, que convida propositadamente uma interpretação sinistra.

É um filme de terror que, obviamente, tem inspiração e presta homenagem a muitas obras de horror dos últimos 100 anos. Com os movimentos manchados brancos e negros, sente-se que pertence ao mundo do Dr. Caligari ou Nosferatu transportado para o século XXI, sendo ao mesmo tempo reverente da tradição e fresco.

Não é um filme de monstros; a ameaça é muito menos tangível – é ambicioso, penetrante, e em última análise, muito mais aterrorizante que o comum.  Babadook é um brilhante monstro psicológico.

Essie Davis, atriz de muitos filmes e séries, mais conhecida pelo seu trabalho nas duas continuações de Matrix, é aqui uma revelação como a viúva emocionalmente frágil e mãe cujo sofrimento se agrava gradualmente e que se torna em algo mais sinistro e Jack Torrancesco. No que é quase exclusivamente um filme a duas personagens, Davis está muito bem acompanhada por Wiseman, uma criança assustadoramente intensa que faz uma estreia muito impressionante.

Um dos mais eficazes e fortes filmes de terror dos últimos tempos.

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