Doidos à Solta, de Novo (Dumb and Dumber to, 2014)
Há 20 anos atrás as caretas do jovem Jim Carrey eram um sucesso transversal. Ace Ventura e Doidos à Solta faziam um sucesso difícil de antecipar em 1994, com um humor pouco requintado, mas muito eficaz. Esse derivado de nonsense, mas em americano, sempre foi apanágio dos irmãos Farrelly, que desde Doidos por Mary, procuram um novo sucesso.
É da junção da fome, com a vontade de comer que surge este Doidos à Solta, de Novo. Uma comédia em tudo igual àquela que surgiu 20 anos antes, mas que causa imensa pena, por estar 20 anos desligada da realidade.
Tal não significa que as piadas não funcionem – algumas efetivamente são penosas tentativas de replicar algo que foi feito duas décadas antes -, no entanto, o humor pontificado por flatulência e ridículo levado ao extremo, só entretém os fãs acérrimos do primeiro filme e que, como os protagonistas da presente obra, se recusaram a envelhecer com eles.
Como diria o matarruano comum, esta dificuldade em envelhecer, é uma “faca de dois legumes”. Isto porque, se por um lado, nota-se que Jim Carrey e Jeff Daniels se estão a divertir imenso em todas as cenas e isso efetivamente passa para os espectadores; por outro lado, ver dois atores com a capacidade de serem brilhantes, abusarem neste género de humor, é algo caricaturável. Isto porque para Jim (52 anos) e Jeff (59), fica curto este estilo humoresco entre o Jackass e os vídeos dos apanhados do youtube. As fontes para esse humor são outras que não a sétima arte e a única coisa que separa este filme, de uma versão prolongada de vídeos de pessoas a levarem com bastonadas nas genitálias, é o elenco.
Jim Carrey e Jeff Daniels, divertem-se e divertem (a espaços), Kathleen Turner (outrora bomba sexual em Body Heat) tem a capacidade de brincar com os quilinhos a mais de sabedoria que foi acumulando. Ao passo que vemos uma jovem Rachel Melvin, com uma curta personagem, ter alguma graça.
A história quase que se torna secundária, e pouco importante, mas contextualizando: a dupla do costume, Harry (Jeff Daniels) e Lloyd (Jim Carrey), vão à procura da filha do primeiro, na esperança que esta lhe dê um rim. Obviamente, com a idade o QI não apurou, e a parvoíce intensificou-se, tornando esta aventura um circuito de Nascar, com carros sem travões.
No fim, sobram algumas piadas bem conseguidas e a nostalgia de quem se lembra de ver um filme algo semelhante a este, mas quando fazia sentido, há 20 anos atrás.
Agora é só uma ténue sombra, que provocará alguns risos e alguma pena, por assistir a um enterro de dois bons atores, num projeto circularmente ridículo (para o bem e para o mal), desde a sua génese ao seu resultado.
Colherada Final
Veredito
Uma boa aposta…mas para ver em casa. O filme cumpre aquilo que promete: palhaçada desconchavada e desprovida de conteúdo. Às vezes resulta, outras vezes é só penoso.