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Newsroom – Balanço da 3ª Temporada

Depois de três temporadas a por o dedo na ferida – uma grande e nojenta ferida com uma crosta mole e amarela, carregada de pus – do jornalismo, The Newsroom chega ao fim.

Sports Night, Studio 60 on the Sunset Strip e agora The Newsroom – uma trilogia cáustica sobre o mundo televisivo e a vida por trás das câmaras. Ou, por outras palavras, as várias batalhas de Aaron Sorkin para acordar os telespetadores envoltos numa névoa atordoante de entretenimento barato e estupidificante – batalhas essas constantemente interrompidas e canceladas.

O guionista disse que gosta do «som da inteligência» e essa apetência está bem presente em The Newsroom com um enredo simples mas pertinente, personagens plausivelmente inteligentes, uma abordagem crítica e hábil de temas correntes, e o famoso diálogo ‘à la Sorkin’, sagaz, espirituoso e de ritmo acelerado mas destro.

Naturalmente, partimos para o terceiro rol de episódios com expetativas elevadas. Tudo o que Sorkin tinha que fazer era manter o standard que ele mesmo criou…

O que pelos vistos é mais complicado do que parece com a última temporada a mostrar-se a verdadeira definição de incongruência, cheia de altos, baixos e muitos pontos de interrogação.

Temos novamente os jornalistas a defender a sua ética de trabalho e o direito à informação contra a sede capitalista e a pressão das audiências, mas a história mantêm-se interessante e apenas um pouquinho (aí o equivalente a uma gota de água no rio Tejo) repetitiva.

As side-stories é que são um verdadeiro carrossel.

A espionagem, a busca/invasão do FBI, a fuga de Neal, a prisão de Will, o transtorno de Charlie – são tudo acontecimentos que nos deixam em pulgas, quase aos saltos no sofá ou pelo menos a cravar as unhas nas almofadas. No entanto, a nossa ansiedade atinge o pico apenas para ser deitada por terra e completamente aniquilada pelo tédio que os restantes, uma grande maioria, nos provocam.

A começar pela suposta ameaça dos gémeos tenebrosos (‘tenebrosos’ dito com toneladas de sarcasmo). Este par só não é completamente patético, seja como ameaça à ACN ou apenas como personagens, por causa de Kat Dennings – é algo inexplicável mas o simples facto de Dennings ser Dennings, com a sua atitude cool e sarcástica, torna impossível que qualquer personagem que interprete, por mais pobre e desinteressante que seja no papel, o seja também no ecrã.

A mesma sorte não tem B. J. Novak que é Pruit, o bilionário/vilão que compra a empresa e transforma o News Night no telejornal da TVI – uma combinação absurda de irrelevância e pseudo-entretenimento. Pruit é excecional apenas no facto de conseguir ser muito mais ‘diabólico’, mais complexo e cativante quando não aparece no ecrã. Ao colocá-lo frente a frente com outras personagens parece que mirra instantaneamente como uma lesma perto de sal.

A lista continuaria com muitos outros exemplos tão tediosos e irrelevantes que talvez nem mereçam menção mas o que frusta realmente um seguidor da série é a infinidade de assuntos que ficam por resolver ou são resolvidos às três pancadas. A acusação de traição de Neal simplesmente desapareceu? A situação com Pruit ficou resolvida? A equipa já tem liberdade para dirigir a redação independentemente das audiências? O que acontece a Leona e a Reese? E a Jim e Maggie? …

Talvez Sorkin e a equipa de guionistas tenham ficado desmotivados com o anúncio do fim da série e daí o desmazelo.

A única personagem a quem conseguiram proporcionar uma conclusão aceitável foi Charlie, que, mais do que Neal ou Will, é o verdadeiro protagonista desta última temporada.

Charlie Skinner revela-se o herói de The Newsroom, o D. Quixote do jornalismo que viu para além dos aparentemente inocentes moinhos, para além das firmas e dos gestores, a capitalização da informação e a ameaça do sensacionalismo. Foi o grande maestro da revolução no News Night, o maior defensor da ética profissional e, de certa forma, um patriarca zeloso e inspirador.

«His religion was decency, and he spent a lifetime fighting its enemies. […] His fight is just getting started because he taught the rest of us to be crazy too». É exatamente como Will diz: a loucura lúcida do presidente da ACN, o sonho do D. Quixote prolonga-se.

Depois de três temporadas a por o dedo na ferida – uma grande e nojenta ferida com uma crosta mole e amarela, carregada de pus – do jornalismo, The Newsroom chega ao fim.

Sports Night, Studio 60 on the Sunset Strip e agora The Newsroom – uma trilogia cáustica sobre o mundo televisivo e a vida por trás das câmaras. Ou, por outras palavras, as várias batalhas de Aaron Sorkin para acordar os telespetadores envoltos numa névoa atordoante de entretenimento barato e estupidificante – batalhas essas constantemente interrompidas e canceladas.

O guionista disse que gosta do «som da inteligência» e essa apetência está bem presente em The Newsroom com um enredo simples mas pertinente, personagens plausivelmente inteligentes, uma abordagem crítica e hábil de temas correntes, e o famoso diálogo ‘à la Sorkin’, sagaz, espirituoso e de ritmo acelerado mas destro.

Naturalmente, partimos para o terceiro rol de episódios com expetativas elevadas. Tudo o que Sorkin tinha que fazer era manter o standard que ele mesmo criou…

O que pelos vistos é mais complicado do que parece com a última temporada a mostrar-se a verdadeira definição de incongruência, cheia de altos, baixos e muitos pontos de interrogação.

Temos novamente os jornalistas a defender a sua ética de trabalho e o direito à informação contra a sede capitalista e a pressão das audiências, mas a história mantêm-se interessante e apenas um pouquinho (aí o equivalente a uma gota de água no rio Tejo) repetitiva.

As side-stories é que são um verdadeiro carrossel.

A espionagem, a busca/invasão do FBI, a fuga de Neal, a prisão de Will, o transtorno de Charlie – são tudo acontecimentos que nos deixam em pulgas, quase aos saltos no sofá ou pelo menos a cravar as unhas nas almofadas. No entanto, a nossa ansiedade atinge o pico apenas para ser deitada por terra e completamente aniquilada pelo tédio que os restantes, uma grande maioria, nos provocam.

A começar pela suposta ameaça dos gémeos tenebrosos (‘tenebrosos’ dito com toneladas de sarcasmo). Este par só não é completamente patético, seja como ameaça à ACN ou apenas como personagens, por causa de Kat Dennings – é algo inexplicável mas o simples facto de Dennings ser Dennings, com a sua atitude cool e sarcástica, torna impossível que qualquer personagem que interprete, por mais pobre e desinteressante que seja no papel, o seja também no ecrã.

A mesma sorte não tem B. J. Novak que é Pruit, o bilionário/vilão que compra a empresa e transforma o News Night no telejornal da TVI – uma combinação absurda de irrelevância e pseudo-entretenimento. Pruit é excecional apenas no facto de conseguir ser muito mais ‘diabólico’, mais complexo e cativante quando não aparece no ecrã. Ao colocá-lo frente a frente com outras personagens parece que mirra instantaneamente como uma lesma perto de sal.

A lista continuaria com muitos outros exemplos tão tediosos e irrelevantes que talvez nem mereçam menção mas o que frusta realmente um seguidor da série é a infinidade de assuntos que ficam por resolver ou são resolvidos às três pancadas. A acusação de traição de Neal simplesmente desapareceu? A situação com Pruit ficou resolvida? A equipa já tem liberdade para dirigir a redação independentemente das audiências? O que acontece a Leona e a Reese? E a Jim e Maggie? …

Talvez Sorkin e a equipa de guionistas tenham ficado desmotivados com o anúncio do fim da série e daí o desmazelo.

A única personagem a quem conseguiram proporcionar uma conclusão aceitável foi Charlie, que, mais do que Neal ou Will, é o verdadeiro protagonista desta última temporada.

Charlie Skinner revela-se o herói de The Newsroom, o D. Quixote do jornalismo que viu para além dos aparentemente inocentes moinhos, para além das firmas e dos gestores, a capitalização da informação e a ameaça do sensacionalismo. Foi o grande maestro da revolução no News Night, o maior defensor da ética profissional e, de certa forma, um patriarca zeloso e inspirador.

«His religion was decency, and he spent a lifetime fighting its enemies. […] His fight is just getting started because he taught the rest of us to be crazy too». É exatamente como Will diz: a loucura lúcida do presidente da ACN, o sonho do D. Quixote prolonga-se.

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