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Rare Exports (2010) – Filmes de Natal Spoon

24 dias para o Natal. No gelo ártico da Finlândia, uma equipa de escavadores faz uma descoberta inesperada: o interior da montanha de Korvatunturi é na verdade um enorme túmulo de gelo. Porquê? Que criatura tem ali o seu lugar de repouso eterno?

Ou será antes um lugar de contenção? O que é que dorme no coração da montanha?

Quem sabe a resposta é Pietari, um menino curioso e inteligente que faz uma descoberta bem mais surpreendente: o verdadeiro Pai Natal está a caminho e não está nada contente com os meninos maus que se foram acumulando na sua lista.

O quê?! Achavas mesmo que aquele gordinho de barbas brancas, olho azul e gargalhada grave era o verdadeiro Pai Natal? Já devias saber que só nos anúncios da Coca-Cola é que o mundo é tão simples e sorridente.

Depois de duas curtas metragens com o mesmo título sobre a natureza, captura e exportação dessa criatura rara que desperta durante a época natalícia, Jalmari Helander traz-nos, em Rare Exports: A Christmas Tale, a história de como tudo começou e a verdadeira identidade do barbudo de encarnado.

Junta-se The Thing e A Christmas Story na mesma panela, um combinado de comédia com horror, alguma ação à mistura, tempera-se com um levíssimo toque de drama familiar e o jantar está servido. Rare Exports até faz salivar.

Há clichés, algumas personagens, situações e relações que perdem em originalidade e relevância. Mas não haverá nenhum filme de Natal que não os tenha e, de certa forma, até os agradecemos por tornarem as coisas mais simples, relaxantes, fáceis de apreciar. O pequeno Pietari é o típico protagonista infantil, a criança matura e perspicaz que é constantemente ignorada pelos adultos. Tem um inimigo/amigo que o antagoniza mas no fundo até admira a sua inocência e coragem, e um pai que se sente, em partes iguais, envergonhado e culpado por não o compreender. Com estes ingredientes é bastante fácil prever o desfecho geral do filme.

No entanto, o ritmo acelerado da história, o terror um tanto ou quanto sangrento com algum sentido de humor e o inesperado realismo com que a lenda é abordada não o deixam tornar-se aborrecido e fazem de Rare Exports uma experiência mais do que agradável. O filme não exige demasiado do espectador, nem se esforça excessivamente para ser algo mais profundo ou complexo.

Apesar de nem sempre conseguir igualar as curtas antecessoras, é uma fuga simpática e simples aos menus habituais da época. Nada de lamechices óbvias, cínicas lições de moral, altruísmo temporário e sorrisos mal congelados que por vezes nem duram até à época de saldos. Este filme de Natal é para os meninos irrequietos, cépticos, curiosos, que se arrepiam perante a ideia de um jantar de família cheio de etiquetas, festas na cabeça e os grandes beijos babados daquela tia-avó que consegue sempre encurralá-los. Rare Exports: A Christmas Tale é o filme para os mais perspicazes, os que já perceberam que o Natal não é suposto ser uma recompensa para os bonzinhos mas sim um castigo para quem se porta mal.

No ártico, terra inóspita de lobos ferozes e renas, caçadores e sobreviventes, só há lugar para os mais corajosos, fortes e inteligentes; estômagos fracos não são bem-vindos. Mas atenção ao comportamento: nada de dizer asneiras ou ser desobediente. O Pai Natal está à espreita.

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