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Filmes que nos fazem não ir a um Sporting-Benfica: Green Street Hooligans (Rebeldes do Bairro, 2005)

Inglaterra; talvez o país que mais incessante e intensamente vive o football. Lugar onde o fervor dos adeptos põe no bolso as guerras entre claques num Sporting-Benfica. No reverso da medalha estão alguns dos maiores desastres da história do desporto, recorde-se a tragédia de Hillsborough, onde 96 adeptos do Liverpool morreram espezinhados.

Visto por fora, o mundo dos grupos organizados (mais conhecidos como hooligans) parece algo irracional, desprovido de valores e onde a violência gratuita impera, mas como será viver essa realidade por dentro? Foi exatamente a isso que Dougie Brimson tentou dar resposta em 1996 com Everywhere We Go: Behind the Matchday Madness. Estes Gangues ou Firmas como se intitulavam, regiam-se por códigos de honra que iam muito para além do futebol. O que pretendiam era simples: serem as firmas mais reputadas, independentemente da qualidade praticada pela sua equipa. Ora esse respeito e reputação eram conquistados, maioritariamente através da agressão verbal e física.

Mais uma vez, visto de fora parece a coisa mais ultrajante de sempre. Talvez por isso Green Street Hooligans – o filme que nasce em parte por causa do livro – queira mostrar o outro lado do futebol.

(Pete sobre o seu West Ham) – “shit club great firm”

A história segue Matt (Elijah Wood), um finalista em jornalismo recém-expulso de Harvard que ao ir visitar a irmã, acaba por conhecer Pete (fabuloso desempenho de Charlie Hunnan), o líder da firma do West Ham United. Matt depressa se integra como “yankee” no grupo de Pete e rapidamente percebe o significado de pertencer aquele bando.

O sentimento de pertença a um grupo, uma espécie de família, é o que os faz lutar irracionalmente pela honra. A adrenalina da violência – sendo que a agressividade é um dos pulsos mais fortes do ser humano – é outra das drives que os levam a parecer criminosos. No entanto, se é verdade que cometem crimes, o seu objetivo não é esse.

Não se pretende com esta obra desculpabilizar as suas atitudes, aqui apenas se tenta compreender. Partir por partes, como se de um ensaio gestáltico se tratasse. Vemos cada uma das suas atitudes, dos seus sentimentos, das suas razões, sempre sem um pingo de julgamento, nem romanceamento. A violência é taxativamente algo feio, mas irracionalmente viciante. Aqui parte-se o contexto e conhecem-se as pessoas.

No final, não será um filme livre de falhas, mas é um ensaio sobre o futebol, para além do futebol em si.

I’m forever blowing bubbles,

Pretty bubbles in the air,

They fly so high,

Nearly reach the sky,

Then like my dreams,

They fade and die.

Fortune’s always hiding,

I’ve looked everywhere,

I’m forever blowing bubbles,

Pretty bubbles in the air.

United! United! – Hino do West Ham United

PS – Rebeldes do Bairro é talvez uma das traduções piores de sempre, acima de tudo por ser tão maricas em comparação com a força do título original. Dito assim, “Rebeldes do Bairro”, parece o título de um filme de meninos que não comem a sopa e não dormem as 8 horas recomendadas.

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