As Vantagens de Ser Invisível (The Perks of Being a Wallflower, 2012)
The Perks of Being a Wallflower é uma graciosa e sedutora adaptação do romance homónimo escrito por Stephen Chbosky (e realizado pelo mesmo). Ao decidir adaptá-lo para a sétima arte, teve a coragem de o alterar, e bem, para melhor “colar” à tela.
Chbosky escolhe um elenco de 5 estrelas adequado ao estilo de história (aiii Hermione…), que num filme do género (bem, em qualquer filme na verdade) é meio caminho andado para o sucesso. Sucesso este que é uma realidade, uma vez que o filme, só nos primeiros dois dias após a estreia já tinha acumulado $228.359, o que significa (segundo sites de estatística sobre preços de bilhetes nos states) que em 48h, cerca de 29000 pessoas já tinham irrompido cinema adentro.
Na sua génese, As Vantagens de Ser Invisível (na versão portuguesa), é um filme simples, sem grandes ornamentos, que pretende transmitir qual é a sensação de crescer, de se sentir perdido e sozinho, de fazer amigos e de se apaixonar. As intensas e por vezes aterradoras emoções da adolescência, tão facilmente esquecidas pelos adultos, são aqui revividas e exaltadas com consideração e profundo afecto. Somos o que somos pela grande parte, pelas coisas com as quais convivemos nesta idade, é aqui que nos definimos como pessoas e afirmamos o que somos.
“So, I guess we are who we are for a lot of reasons. And maybe we’ll never know most of them. But even if we don’t have the power to choose where we come from, we can still choose where we go from there. We can still do things. And we can try to feel okay about them.”
Charlie (Lorgan Lerman) tem tido uma vida difícil, desde a morte da sua tia, até à recente morte do seu melhor amigo. Agora vai entrar no monstro que é o secundário – 1385 dias de colegas desagradáveis e aulas aborrecidas.
No entanto, para além da tortura social, nestes anos criam-se amizades fortes que achamos ser para sempre, e para acolher Charlie neste mundo cruel do secundário existem dois outsiders Patrick (Ezra Miller de We Need to Talk About Kevin) e Sam (Emma Watson – aiii Hermione 2x) e o seu grupo de amigos – The Island of Misfit Toys – que o fazem, pela primeira vez, sentir-se incluído.
Charlie simpatiza também com o seu professor de inglês (Paul Rudd) que o faz crescer como pessoa, mostrando-lhe os livros da sua vida como To Kill a Mockingbird.
Logan Lerman adapta-se perfeitamente ao papel de adolescente fechado e a Emma Watson é a Emma Watson (aiii Hermione 3x) mas quem verdadeiramente brilha é Ezra Miller. Miller é uma força da natureza como Patrick, o meio-irmão gay de Sam. Para Charlie, Patrick representa um mundo onde os sentimentos são expressados, onde os problemas se partilham e se demonstram, onde podemos ser genuínos. Miler traz humor, dor e ternura surpreendente para a sua personagem.
Enquanto vemos o trio a acelerar pelo túnel ao som de David Bowie olhamos para trás, para as nossas vidas enquanto adolescentes inconscientes em busca de felicidade, amor, de tudo aquilo que viríamos a ser. É isso que torna este género de filmes em algo especial. Durante momentos perdemos-nos pelos cantos da memória. Porque nos esquecemos que tivemos 16 anos quando fizemos 17 são raras as vezes em que conseguimos apreciar cada momento da nossa vida, o quão precioso é cada momento que vivemos. Só assim podemos viver as nossas vidas em momentos em vez de em histórias.
“Because I know there are people who say all these things don’t happen. And there are people who forget what it’s like to be sixteen when they turn seventeen. I know these will all be stories some day, and our pictures will become old photographs. We all become somebody’s mom or dad. But right now, these moments are not stories. This is happening. I am here, and I am looking at her. And she is so beautiful. I can see it. This one moment when you know you’re not a sad story. You are alive. And you stand up and see the lights on the buildings and everything that makes you wonder. And you’re listening to that song, and that drive with the people who you love most in this world. And in this moment, I swear, we are infinite.”