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A Entrevista (The Interview, 2014)

É irónico perceber que um filme que, pouco antes de ser visto, tinha “10/10!” (!) no IMDB – essa base de dados cuja credibilidade das pontuações se aproxima da credibilidade das camisolas com padrões natalícios – agora seja um dos candidatos aos Razzies (o óscar dos piores filmes do ano). Isto pese embora, essa pontuação ter surgido devido ao tema que o filme apregoa e à propaganda americana (fala-se que houve uma petição para dar essa pontuação à obra).

Tudo isso seria desculpável se o filme efectivamente quisesse ser algo mais que uma caricatura, o que não sucede.

Quem se lembrar de Pineapple Express e, do mais recente, This is The End, irá recordar-se do mesmo triângulo cinematográfico presente em The Interview: Evan Goldberg (que realiza), Seth Rogen (que realiza e actua) e James Franco (que faz uma série de coisas que alguns poderão, erradamente, achar que é actuar). Se nos dois trabalhos já mencionados o estilo de humor grosseiro, obsceno e politicamente incorrecto servia o que se pretendia, presentemente, pretendeu-se demais.

Contextualizando, para os poucos que andaram desatentos: Aaron (Seth) é um produtor e Dave Skylark um apresentador de um talk-show do qual o presidente Kim Jong-Un (Randall Park) é fã. Devido a esse facto, acabam por ser contratados pela CIA para o matar.

Todo o vanguardismo e coragem morrem juntamente com esta premissa. Aqui a única coisa de salutar é o facto de terem chamado ao ditador, Kim Jong-Un, e não Zé, porque se fosse Zé, ninguém iria querer saber do filme. Mais, não foi por coragem, foi um golpe de estratégia egocêntrica fazer algo tão “arrojado”. Infelizmente o arrojo morre com o Poster do filme (aquilo que tem de melhor). De resto, todas as pinceladas “Tarantinescas” a fazer lembar Inglorious Bastards são meras aproximações ridículas.

O humor obsceno e ultrajante, limita-se a ser os adjectivos sem o substantivo. Talvez se safe uma cena, lá mais para o meio, onde o inusitado se misturou com o despropositado, mas com algo que em mais nenhuma parte do filme ocorreu: o inesperado. Foi tudo demasiado expectável e por isso, não se perde nada em não vir a ter a oportunidade de encontrar esta obra nos cinemas.

Colherada Final

Veredito

Um mau filme e, pior que isso, uma péssima comédia. O tema era arrojado, a concepção foi trapalhona e quase nada se safa.

2/10

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