Wild Card – Jogo Duro (2014)
Nick Wild (Jason Statham) é um guarda-costas freelancer em Las Vegas. Entre a máfia, a apetência para espancar pessoas e os casinos, o que poderia correr mal?
Nada como um filme recheado de ação para começar o ano. Tudo indica que este é o típico filme de quem quer ver explosões, tiros e lutas: começando pelo elenco, passando pelo título e acabando no poster oficial. O início é algo cómico e inesperado, contando com a excelente e curta participação de Sofia Vergara. Um começo ligeiramente refrescante para uma viagem já exausta de repetições. Deste ponto em diante a progressão é a que se espera – surge um antagonista e uma justa causa para o herói se envolver (apesar de o próprio admitir que é uma má ideia) e começam as cenas de ação. Cenas essas que estão brilhantes: dá gozo ver Nick Wild a lutar: a imagem é concebida com recurso a slow motion e ângulos menos comuns tornando a sequência um autêntico tornado que o espectador é desafiado a perseguir com o olhar.
O aspeto que realmente poderia tornar esta obra especial dentro desta categoria é o facto de lidar com um tema delicado – o vício do jogo – de uma forma direta e sem preconceitos, mantendo-se realista e pessoal ao mesmo tempo. Acrescentar falhas de caráter aos protagonistas não é nada de novo, já há muito tempo que o herói perfeito deixou de apelar ao grande pública como o fazia há décadas atrás. No entanto nem sempre os temas são simultaneamente atuais, sensíveis e relevantes para a história. Aqui esta trindade é conservada e apresentada de uma forma que durante longa parte do filme deixa o espectador a pensar se Nick tem realmente um vício, ou se saber/quer saber que o tem.
Com exceção do discutido anteriormente o filme está recheado de lugares comuns de filmes de ação com um ou dois milímetros de diferença. No entanto, o que mais prejudica Wild Card – Jogo Duro é o final. Um instante final em que desapontamento, confusão, incredibilidade e vontade de pedir reembolso do bilhete se fundem num facepalm gigante. A sensação que, chegados àquele ponto, ninguém sabia o que fazer com a narrativa e o estagiário do estúdio sugeriu que fosse este o final, é algo que não abandona facilmente quem viu estes 92 minutos. Para um filme que até acertou em muitos dos aspetos cruciais do género, e ainda inovou umas coisas extra, é um desperdício um final tão insonso como este. Ainda assim, um bom trabalho de todo o elenco, e com o desejo de ter visto Statham e Vergara a contracenaram mais.