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SÉRIE PARA QUEM GOSTA DE POLICIAIS MAS NÃO ESTÁ CAPAZ DE VER OUTRO CSI

Broadchurch

Nº de episódios: 16 (8 por temporada)

Duração dos episódios: 44-50 min

Sinopse: “O assassinato de uma criança numa pequena cidade costeira desencadeia a investigação de uma comunidade aparentemente inofensiva.”

Elenco: David Tennant, Olivia Colman

Pessoa aparece morta em condições suspeitas. Detectives percebem que foi assassinada. Recolhem DNA e entrevistam vários suspeitos. 40 minutos depois descobrem  que o verdadeiro culpado foi um dos três primeiros indivíduos a ser interrogado – aquele com o ar mais inocente. Com tudo isto ainda há tempo para explorar a óbvia química entre os colegas de trabalho Senhor Detective e Senhora Detective. Apesar de serem muito diferentes são feitos um para o outro, tendo apenas que esperar um par de temporadas até ficarem inevitavelmente juntos.

 Esta descrição é-vos familiar? Provavelmente porque corresponde a metade das séries que passam na televisão – a metade que não envolve médicos, advogados ou vampiros.

 Broadchurch distingue-se porque é, acima de qualquer outra coisa, uma série britânica. Partilha com outros programas da mesma nacionalidade o facto de não estar com pressa de chegar uma conclusão clara e pré-determinada. No primeiro episódio uma criança aparece morta na pacata cidade de (sim, adivinharam) Broadchurch. Demoramos todos os oito episódios da primeira temporada a descobrir o que é que lhe aconteceu.

 No início parece estranho. Para quem se habituou ao esquema introdução-desenvolvimento-conclusão-em-menos-de-uma-hora há o risco de a série parecer lenta, com pausas desnecessárias. Mas isso também implica mais tempo para nos envolvermos com a história, para conhecermos bem cada pessoa da cidade e para nos sentirmos parte da própria investigação. Com cada episódio adicionam-se mais peças ao puzzle, mais informações que nem sabemos se são verdadeiras ou não. Desconfiamos de todos as personagens, desde o padre até à avozinha. Sobrepomos os álibis uns dos outros para ver se algum não bate certo, até criarmos teorias mirabolantes que envolvem serviços secretos ou poderes mágicos. E nada disto nos prepara para o choque de descobrir a verdade no final da primeira temporada.

 Uma série com estas características apenas é sustentável com personagens interessantes, e aqui deve-se muito às duas personagens principais. A dinâmica entre os detectives Alec Hardy (David Tennant) e Ellie Miller (Olivia Colman) é uma representação próxima do que aconteceria se o Grumpy Cat e um Golden Retriever fossem obrigados a trabalhar juntos. É refrescante assistir a uma relação que se desenrola de forma tão orgânica e que se mantêm em constante transformação.

 Hardy e Miller não são as únicas personagens interessantes e tridimensionais. Todos os habitantes de Broadchurch têm que lidar não só com a morte de uma criança que conheciam, como também com as consequências da mesma. Assim, a série agarra-nos não só pelo mistério em si como pelo aspecto humano da história.

A investigação de um assassinato é um tipo de enredo que se fecha um pouco sobre si mesmo, o que poderia tornar uma segunda temporada complicada. Felizmente a série adapta-se, dando seguimento às histórias que nos agarraram no passado enquanto nos mantêm angustiados sobre o que poderá acontecer a seguir.

 Broadchurch tem a enorme vantagem de poder ser vista sem o receio de cancelamento a pairar por cima. Já foi anunciada uma terceira temporada, que promete um novo mistério para tentarmos resolver e falhar redondamente.

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