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Os 10 Filmes Mais Perturbadores de Sempre – Parte II

ADJ. Característica daquilo que perturba, que incomoda. “A atitude perturbadora fez com que todos se assustassem.” – Dicionário da Língua Portuguesa.

Depois da primeira parte do Top na semana passada, os colheranos brindam-nos com mais 5 filmes. Fiquem com a restante lista.

Nuno Pereira

Clockwork Orange ( Stanley Kubrick, 1971)

Esta obra-prima de 1971, de Stanley Kubrick, consegue ser simultaneamente um dos filmes psicologicamente mais perturbadores de sempre, e uma das melhores obras de todos os tempos. Clockwork Orange é um tratado filosófico sobre a violência – que apenas na aparência é gratuita. A forma como o grotesco e a agressividade suplanta toda a racionalidade do ser humano é quase estratégica.

O objetivo do filme não é chocar por chocar, mas sim colocar-se em contacto com a fragilidade da nossa existência, e a aleatoriedade que nos guia. Seria impossível não entrar nesta lista.

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Very Bad Things (Peter Berg, 1998)

A estreia do Realizador Peter Berg é, no mínimo, uma obra pouco consensual. Very Bad Things retrata uma despedida de solteiros que correu muito mal, sendo que todas as subsequentes atitudes dos protagonistas derivam de um acaso azarado que culmina em situações de extrema violência e humor negro, com uma crítica social inerente à sociedade facilitista e permissiva, onde o certo e o errado parece esbatido. Violento e de mau gosto, são alguns dos adjetivos que lhe vêm associado, no entanto, talvez ousado e perturbador sejam as palavras que melhor o descrevem.

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Visitor Q (Takashi Miike, 2001)

Quando incesto, se mistura com misoginia, filhos que batem nas mães, bullying, automutilação, cenas de violência gratuita, voyeurismo e leite, o resultado é , normalmente prisão, ou um filme de Takashi Miike.

Esta é a derradeira visão de família destruturada oriunda da mente pervertida de Takashi Miike, um educador do absurdo, com elementos choque, mas aplicados com mestria.

É inevitável acabar o filme a ofender todos os envolvidos, e, um pouco à imagem de édipo, queimar os olhos!

De todos os retratos familiares que podem encontrar, este é sem dúvida o mais atroz, e perfidamente planeado, não só para chocar, mas como se de um expurgar doentio dos medos do próprio realizador.

Quem tiver estômago, que aguente!

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Pedro Santos

Salò or the 120 Days of Sodom (1975, Pier Paolo Pasolini)

O último filme de Pasolini tem algo para chocar todo o tipo de audiências ao longo das suas quatro etapas convenientemente divididas. Em “Antes do Inferno”, quatro figuras poderosas fazem um acordo e juntam jovens atraentes da vila de Salò numa mansão. Confusas, as pobres vítimas começam o seu verdadeiro sofrimento em ”O Ciclo das Manias”, onde são violadas e humilhadas ao som de música e de histórias eróticas contadas por um grupo de meretrizes. Qualquer espirito de rebeldia é esmagado na etapa seguinte, “O Ciclo da Merda”, que tal como se podia imaginar com este género de título, obriga todos os habitantes da mansão a ingerirem matéria fecal. O sofrimento continua, apesar de o filme terminar, com “O Ciclo do Sangue”, onde todas as vítimas, desde as mais submissas às mais desafiantes, são sujeitas a torturas brutais, por parte dos seus mestres.

Se o grafismo não chega para perturbar ainda há que falar de outros aspectos: a perversão dos poderosos, a burocracia envolvida tanto nos actos criminosos como nos eróticos, as meretrizes a encarar a situação como um espetáculo e a facilidade com que os soldados levam a cabo as ordens dos seus mestres – tudo isto pinta um retrato negro da natureza humana que leva o espectador a considerar os limites da crueldade e perversão humana.

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Alex Vaz

Irreversible (Gaspar Noé, 2002)

Costumamos falar de uma “tortura chinesa”, aquela gota de água constantemente a marrar na nossa cabeça (e emoções). Irreversible é essa tortura – e uma especialmente forte por ser duplamente perturbadora. Por um lado, temos o elemento clássico do choque: uma cena horrível, gráfica e, sim, “irreversível”, que mexe com os nossos medos mais básicos. Mas o que distingue este filme dos restantes é a segunda camada de perturbador, muito mais subtil, e por isso muito mais perversa – somos convidados a assistir a todo o desenrolar de uma vida feliz que, sabemos desde o início, acabará em horror. A tal “tortura chinesa”.

 

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  • https://www.facebook.com/app_scoped_user_id/1103742319640202/ Maria Luisa Amaral Carradinha

    Um dos meus filmes preferidos…

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