Destaques do Mês
  • The Conjuring 2 – A Evocação
  • Sugestão para Domingo à Tarde #36: Out of Africa (Sydney Pollack, 1985)
  • A Rainha do Deserto (Queen of the Desert, 2015)
Data
1 July 2016
ppzombies

Pride, Prejudice and Zombies (2016) – Estreia da Semana

Pride and Prejudice é provavelmente a obra literária com o maior número de adaptações. Temos versões mais fiéis (filmes em 1940 e 2005, minisséries em 1980 e 1995), versões mais modernas (filmes em 2003, 2011 e 2016), versão em forma de série/sequela (Death Comes to Pemberley), webseries no Youtube (The Lizzie Bennet Diaries) e até uma versão Bollywood (Bride and Prejudice). Claramente só faltava uma versão com zombies.

Quem conhece o livro de Jane Austen entende porque é que esta história é contada tantas vezes e de tantas formas diferentes. Para uma obra do início do século XIX a relação entre Elizabeth e Darcy é extraordinariamente universal. Ele é um cromo antissocial que cada vez que tenta ser simpático acaba a enfiar o pé na boca. Ela é uma casmurra que prefere arrancar um braço a admitir que não tem razão. As grandes dificuldades entre os dois vêm do facto de serem humanos e, por isso, terem defeitos. É impossível não simpatizar com isso.

Às personagens bem construídas acrescenta-se um bom enredo: os acontecimentos desenvolvem-se de forma orgânica, sem nunca deixarem de ser imprevisíveis. Tudo isto (bem como uma série de razões que dava para várias teses de mestrado) faz deste um livro tão relevante e influente.

Se Pride and Prejudice é a nossa refeição caseira favorita, Pride and Prejudice and Zombies é a mistura de batatas fritas com arroz do dia anterior que se come à noite por não haver mais nada no frigorífico. A principal desvantagem de incluir zombies numa história inicialmente sem zombies é que isso implica abdicar de outras coisas – como complexidade das personagens ou enredo bem construído. Afinal, quando se tem que explicar a distribuição geográfica de mortos-vivos pela cidade de Londres tem que se deixar qualquer coisa para segundo plano.

Apesar de todas as suas desvantagens (e são muitas), a inclusão de zombies tem uma vantagem relevante – a história passa a ter zombies. Se esquecermos os defeitos do filme pode-se apreciar o espetacular que é ver a Elizabeth Bennet a sacar de uma catana para cortar a cabeça a um batalhão de mortos-vivos. Por outro lado, a combinação da Era da Regência Britânica com zombies  é tão ridícula que dá origem a cenas hilariantes – mesmo que essa não tenha sido, presume-se,  a visão do realizador.

Os puristas literários vão querer ficar o mais longe possível deste filme – o ideal é nem verem o trailer para não se assustarem. Os outros poderão gostar de (re)ver a história de Pride and Prejudice num contexto de filme de ação um pouco tono mas que diverte e entretêm.

  • Isabel Brito

    és engraçada, Mariana

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