Sugestão para Domingo à tarde #25: 10 years… (2011, Jamie Linden)

Uma tradição americana incomum em Portugal é a reunião dos 10 anos – ten year reunion: uma década depois de acabarem o secundário, os antigos colegas encontram-se todos no liceu onde estudaram para matarem saudades e verem o que foi feito uns dos outros. Quem é que achou que era boa ideia confrontarem quase trintões com os adolescentes que um dia foram? E já não são, pormenor muito importante. Ou atingiram o pico no secundário e, oh coitados, olhem o falhanço que são hoje, ou eram um falhanço naquela altura e por melhores que sejam hoje vão sentir-se como antes no meio da gente de antes. Claro que também podem ser pessoas normais, ter seguido um percurso normal, ficarem felizes por reverem os vossos amigos e reagirem normalmente à viagem na máquina do tempo, com um misto de tranquilidade e nostalgia.

10 years… é a reunião da turma de Jake (Channing Tatum), Cully (Chris Pratt, versão gordinha), Martin (Justin Long) e companhia. O grupo até manteve o contacto, mesmo em cidades diferentes, mas cresceram e construíram vidinhas de adultos – temos um cantor, um hipotecário, um agente imobiliário, um “não-sei-bem-o-quê-mas-vive-em-Nova-Iorque” e um “não-sei-bem-o-quê-mas-comprou-um-barco-e-a-mulher-é-médica”. Claro que todos juntos outra vez é garantia de que a maturidade fica em stand-by (ao estilo da Lilly e da Michelle, em How I met your mother). O filme é curtinho mas suficiente para nos mostrar o quão abençoados somos por viver no país que não tem esta mania.

Não é um filme parvo. É ligeiro mas surpreendentemente realista, mesmo com uma abordagem pouco profunda. Ser realista não implica ser dramático, pode ser só mostrar os disparates que acontecem quando se juntam 30 pessoas que não convivem há 10 anos; não implica retomar os romances de liceu, pode ser só mostrar que se pode guardar carinho pelo primeiro amor sem se continuar apaixonado – Channing Tatum e Rosario Dawson representam isso na perfeição.

Boa Páscoa e até para a semana!