Num Outro Tom (Begin Again, 2013)

Gretta (Keira Knightley) é uma jovem cantautora inglesa, que se mudou para Nova Iorque com o namorado, Dave Kohl (Adam Levine), o músico do momento. Dan (Mark Ruffalo) era dono de uma discográfica, mas a espiral descendente em que entrou após o desmoronar da sua vida pessoal leva o seu sócio a despedi-lo. O talento dos dois encontra-se por acaso: na noite antes de regressar a Inglaterra, porque a sua relação com Dave desabou, Greta vai a um bar de música ao vivo com um amigo de longa data, Steve (James Corden), que a convence a atuar. A Step You Can’t Take Back, uma canção sobre estar sozinho na grande cidade, deslumbra Dan que se compromete a produzir a sua música. A tarefa da dupla, contudo, não será fácil.

Com todas as peripécias, profissionais e pessoais, e a cada música, vamos percebendo que estamos perante um filme que não é uma comédia, não é um drama, que tem música mas não é um musical, que tem amor mas não é um romance – é um filme para confortar o espírito, é bonito e agradável.

 A banda sonora, gravada como homenagem a Nova Iorque, é um ponto fundamental para esta harmonia. Apresenta-se aliás como digna de nomeações na época de prémios que se avizinha: Keira Knightley surpreende – compensaram as aulas de voz que teve para conseguir desempenhar o papel – , já a participação de Adam Levine conquista pelo seu talento natural para baladas. O encanto do filme vem também das relações pessoais – a cumplicidade entre Gretta e Dan, a separação mal resolvida de Dan e da mulher, Miriam (Catherine Keener), a reaproximação de Dan e da filha, Violet (Hailee Steinfeld), e ainda o namoro idílico de Gretta e Dave, cujo fim abrupto nos dá as músicas mais bonitas do filme, Like a Fool e Lost Stars (esta última foi lançada até no novo álbum dos Maroon 5, V).

No fim de contas, é o filme de Verão que foge da silly season e que nos deixa mais felizes, mesmo com o seu toque de nostalgia.

“We’re searching for meaning

But are we all Lost Stars trying to light up the dark” – 

Para o Martins e para todos aqueles que têm de recomeçar sem ele.