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Matem o Mensageiro (Kill The Messenger, 2014)

Em Kill the Messenger temos uma conspiração criada para distrair as atenções de outra conspiração que por sua vez deveria financiar uma outra conspiração. Perdidos? Não vale a pena, o filme não é tão complicado como soa.

Baseado em factos reais, Kill the Messenger acompanha Gary Webb, um repórter que é catapultado para a cena nacional depois de ‘tropeçar’ numa das mais chocantes histórias de sempre. O jornalista já tinha o prato bem cheio com alegações de que o governo teria expropriado ilegalmente vários traficantes ainda em fase de julgamento. Mas quem é que diz não à sobremesa? Ainda mais, de graça! A namorada de um dos traficantes (uma Paz Vega deliciosamente cómica e atrevida) entrega a Webb algo que tanto pode ser o artigo de uma vida ou uma granada sem cavilha: informações de que o governo teria facilitado, ou mesmo iniciado, o tráfico de drogas em território nacional para financiar e armar exércitos rebeldes.

A granada explodiu e Webb, inicialmente um herói, é acusado de divulgar fantasias sem suporte factual à medida que as suas fontes desaparecem misteriosamente.

Kill the Messenger tem material para ser pertinente e mordaz. Aborda não só um pedaço importante da história mais recente como também levanta questões sobre as notícias que recebemos e as que não recebemos.

Mas, apesar de tentar celebrar o espírito do jornalista empenhado e comprometido com a verdade, apresenta a mesma índole anestesiada que pretendia contrariar. Kill the Messenger tresanda a estereótipo (o protagonista machão, emotivo e irascível, a esposa que perdoa tudo, uma CIA apática e calculista, traficantes blasonantes e sarcásticos…), o que rouba demasiado espaço e tempo à sua parte mais substancial. Os temas férteis não têm oportunidade de ser aprofundados e o filme divide-se entre um thriller político e uma biografia ‘telenovelada’ onde todos são claramente bons ou maus.

O lado positivo é que finalmente esclarece a questão que nos andava a importunar desde The Hurt Locker: Jeremy Renner é ou não um bom ator? A conclusão a que chegamos é que Renner consegue ser excelente com o papel e o realizador certos, mas não é capaz de superar o material que lhe é dado. Em Kill the Messenger, com mudanças tão abruptas de ambiente, conseguimos percebê-lo claramente: ora nos inspira e maravilha como jornalista ambicioso e ousado, ora nos faz encolher de deceção como o típico e sensaborão pai e marido dedicado mas falível.

Com Kill the Messenger, a reação é mais ou menos a mesma: tem uma boa base, que aplaudimos, mas não a aborda da melhor das formas, o que nos aborrece e desmotiva.

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