Black Mirror – balanço geral das três temporadas
Nada como vimos antes. É assim que eu descrevo a série Black Mirror.
Cenário um: após a princesa do povo ter sido raptada, o primeiro-ministro inglês vê-se numa situação constrangedora: a menos que ele aceite as condições dos raptores, a princesa é executada. Até aqui tudo normal (quanto possível), mas quais são essas condições? “Fácil”: ter relações sexuais com um porco, em direto na TV nacional para todo o país. A partir daqui desenrola-se uma história controversa e, no mínimo, interessante. A história é tão provocativa quanto promete mas, mais do que isso, é plausível e levanta-nos a questão: até que ponto estamos dispostos a ir pelas consequências de atos que nem sempre tomamos? Estamos dispostos a viver com as nossas decisões?
É bem provável que nunca tenham ouvido falar antes desta série britânica, até porque não é uma série muito divulgada. Mas normalmente é assim com as coisas fora do normal.
Como diria Forrest Gump, esta série “é como uma caixa de chocolates, nunca sabemos o que nos vai sair”. O que tem em comum a todos os episódios é a forma como a tecnologia, de uma forma ou outra, domina o ser humano e o mundo moderno em geral. Uma espécie de Twillight Zone tecnológica, a bem dizer.
Até ao momento, a série ainda só tem 3 temporadas, cada uma com 3 episódios, no mínimo, perturbadores. A última temporada ainda só tem um episódio disponível, pelo que ainda não se sabe quando sairão mais.
Sabe-se também (ou pelo menos os rumores assim o dizem) que o ator Robert Downey Jr. comprou os direitos de um episódio de Black Mirror para transformar em filme. A ser verdade, é extremamente interessante e aguardo ansiosa por mais notícias.
O que é interessante nesta série é que esta não é puramente especulativa e nem nos encontramos assim tão longe da realidade retratada. A maneira como, no mundo moderno, nos deixamos afetar pela tecnologia, sendo que ela nos manipula em diversas áreas, é sempre uma forma interessante de explorar um tema controverso.
Questões como ‘o que faríamos se pudéssemos bloquear pessoas na vida real?’ ou mesmo a possibilidade de “duplicarmos” um ente querido falecido, com base nos dados que partilhava nas redes sociais são temas constantes – nem sempre com os melhores desfechos -, o que nos faz ponderar se queremos mesmo viver num mundo em que a tecnologia tem um papel primário na nossa vida.
Para além dos episódios nos ficarem na cabeça longos dias após o visionamento, fazem-nos refletir, e penso que até aí a série cumpre mais do que a maioria – que apenas nos bombardeia com pequenas histórias básicas e de raciocínio simples.
Recomendo vivamente, porque pelo menos até agora não desilude. Um puzzle interessante que vale muito a pena ver e refletir (afinal, é para isto que as séries também servem).
Não se vão arrepender.