Filmes Pró Verão: (500) Days of Summer (2009)
Para abrir a rubrica dos Filmes Pró Verão fui resgatar ao armário um filme de 2009 que só pelo nome ressoa a tempo quente e ombros à mostra. No entanto deixem-me avisar-vos, não se trata de uma história de amor, mas sim de uma história sobre amor. Finais felizes são sobrevalorizados, não?
“This is a story of boy meets girl. The boy, Tom Hansen of Margate, New Jersey, grew up believing that he’d never truly be happy until the day he met the one. This belief stemmed from early exposure to sad British pop music and a total mis-reading of the movie ‘The Graduate’. The girl, Summer Finn of Shinnecock, Michigan, did not share this belief. Since the disintegration of her parent’s marriage she’d only love two things. The first was her long dark hair. The second was how easily she could cut it off and not feel a thing. Tom meets Summer on January 8th. He knows almost immediately she is who he has been searching for. This is a story of boy meets girl, but you should know upfront, this is not a love story.”
O rapaz conhece a rapariga, o rapaz perde a rapariga, o rapaz reconquista a rapariga e são felizes para sempre. Talvez a sequência de eventos mais usada no universo do cinema e é talvez por isso, que estes dias de Verão nos atingem como uma explosão de oxigénio romântico. Este género de filmes é pegado pelos calcanhares e girado abruptamente por 180º: passamos a ver o mundo como ele é – uma data de hematomas onde o coração de alguém acaba sempre do lado errado do peito.
50o Days of Summer, o filme de estreia de Marc Webb, pega em Memento e junta-lhe abraços e beijinhos. Vamos tergiversando ao acaso ao longo dos 500 dias que Tom (Joseph Gordon-Levitt) passa com Summer (Zooey Deschanel) e acompanhando uma mescla de bons e maus momentos. Isto acontece em grande parte porque nunca nos lembramos das nossas vidas, por ordem cronológica, especialmente quando reavivamos um romance falhado! Começamos pelo fim, saltamos por aqueles óptimos momentos do meio, e relembramos o início sem ordem particular.
Todo o filme oscila entre números de dança que emanam calor e sentimentalismo até fazer transpirar…
…e a tristeza da cena em que são colocadas as expectativas de reconquistar Summer contra a dura realidade…
..Mas nem tudo é amargo e o filme tem também momentos de gargalha contagiante dos momentos felizes de uma relação que tem 500 dias para durar.
Tom tem a antena no ar, em busca da rapariga do seus sonhos, quando conhece Summer. Too bad, ela não está para isso. Marc Webb, captura a sensação do apaixonado inocente e ingénuo movido pelas letras dos Smiths (“To die by your side, is such a heavenly way to die”). De repente Tom está head over heels in love e a bomba relógio começa a contar. As coisas correm bem até que Summer decide que não quer estar presa a ninguém. Sem exposição ou diálogo, apenas dois eventos justapostos que capturam a mágoa da realidade.
Como consolar o coração partido? Todos os dizem que o oceano tem muito peixe, mas na realidade não há dois peixes iguais, ninguém é substituível. O que precisamos para esquecer o Verão é o tempo que demora a chegar o Outono.
500 Days of Summer, tem a acompanhar uma boa banda sonora, desde The Smiths, Temper Trap, Regina Spektor, e Simon & Garfunkel…
Embora Deschanel esteja na sua zona de conforto a fazer o papel que sempre fez e sempre fará, não deixa de ser verdade que tem, com Gordon-Levitt uma química fantástica. Jogam entre si eximiamente, com subtileza e sentimento que vai para além de uma simples actuação, que não irá decerto ficar para a história, mas sente-se real.
É importante haver um filme ligeiramente diferente que não entre na categoria do intelectual, e 500 Days of Summer é esse filme. O final em si é como uma metamorfose de fases de vida. Perdemos a efusividade do Verão e abraçamos a calmia que é o Outono. Uma história de amor diferente: honesta e capaz de te arrancar pedaços, embora não seja minimamente triste, embora melancólico.
Parece antitético? Pois é, vão ver!