The-Hunger-Games-Mockingjay-poster-preview

The Hunger Games: Retrospectiva Spoon – Part II

Há um ano atrás estreou Mockingjay – Part 1, e com ele reacendeu-se o debate sobre a divisão de últimos capítulos de sagas. Este é possivelmente o método mais usado (e descarado) dos estúdios fazerem dinheiro fácil – só faltam os Transformers para se tornar oficial. Obviamente a decisão fez com que a primeira parte de Mockingjay se tornasse demasiado expositiva, sendo pouco mais que a prequela para o grande final deste ano. No entanto, este será dos poucos casos em que a separação não é totalmente descabida.

Muita coisa acontece no último livro de Suzanne Collins, onde Katniss aceita ser a imagem da revolta contra o Capitólio, unificando assim os distritos de Panem. Este livro aborda todas as implicações políticas, bem como as consequências de uma guerra como esta. Ao tentarem transformar tudo isto num único filme, corriam o risco de perder momentos e conceitos importantes que distinguem esta história de todas as outras. Ficaria ou demasiado denso ou demasiado simplificado. Se o último filme for bem executado, a segunda parte de Mockingjay terá mais a ganhar que o que a primeira parte perdeu.

A personagem principal também foi alvo de algumas críticas há um ano atrás. Para algumas pessoas, a Katniss de Mockingjay – Part 1 é demasiado apática e passiva. Esquecem-se que esta é uma caracterização propositada que faz sentido, considerando todos os eventos traumáticos por que ela passou e por que passa durante este filme. Ajuda-nos a recordar de forma realista e complexa as marcas que a guerra pode deixar numa pessoa.

Depois de tantos parágrafos a defender as principais críticas a The Hunger Games faz sentido reconhecer alguns dos seus problemas. É difícil ignorar o facto de eu ainda não ter mencionado as palavras “Peeta”, “Gabe” ou “triângulo amoroso”. Não é por acaso. Com um ambiente político fictício interessante, uma personagem principal complexa e uma história cheia de acção e reviravoltas, o romance é desnecessário. Nos livros a questão é apresentada com mais subtileza, enquanto que nos filmes parece por vezes que querem regressar aos tempos negros de vampiro vs. lobisomem. Outro problema consiste nas informações que os filmes decidem ignorar, como o facto da perna de Peeta ter ficado tão mal depois dos primeiros Jogos que tiveram que amputar e pôr uma prótese. Ou o facto de Katniss ser praticamente surda e precisar de aparelho auditivo. Seria agradável assistirmos a personagens com problemas físicos em que a história não gira à volta disso e em que os atores não andam à pesca de Óscares.

Sete anos depois da publicação do primeiro livro, Mockingjay – Part 2 apresenta uma série de desafios, tendo que estar à altura das expectativas que se foram acumulando com o tempo. O maior problema será lidar com a violência da história final, que terá que ser realista sem ser gratuita. Acima de tudo, tem que conseguir transpor para o ecrã os vários momentos e reviravoltas emocionais do último livro da saga. Se tudo correr bem, sairemos sala de cinema com uma final agri-doce, que nos lembra que uma história bem construída não é sinónimo de final absolutamente feliz para toda a gente.

  • https://www.facebook.com/app_scoped_user_id/1228637457151935/ João Segura

    Bué boa piada, porque o nome da saga é Hunger Games e Hunger significa fome, por isso o “estarão esfomeados”! Muito bom.

ARTIGOS POPULARES