Sugestões para Domingo à Tarde #16 : A Saga Star Wars (1977-2015)
A long time ago in a galaxy far, far away…
Prevê-se que Star Wars: The Force Awakens ultrapasse a barreira dos dois mil milhões de dólares de bilheteira, feito alcançado apenas por Avatar e Titanic. Já arrecadou mais de 100 milhões de dólares em pré-vendas só nos Estados Unidos – o valor mais elevado de sempre – e o seu trailer também bateu recordes, tendo sido visto por 128 milhões de pessoas nas primeiras 24 horas. Por muito impressionantes que estes valores sejam, não são mais que uma forma de nos recordar o impacto que a saga teve e continua a ter. A cultura popular nunca mais foi a mesma depois do universo de Star Wars ter invadido as salas de cinema com a estreia de A New Hope.
Pode não ser fácil compreender o quão revolucionária a saga foi na altura em que estreou. Afinal, só em 2015 tivemos filmes de ficção científica para todos os gostos e feitios: futuros distópicos com triângulos amorosos, super-heróis (sozinhos e em grupo), astronautas perdidos em Marte, parques temáticos com dinossauros e o que quer que Jupiter Ascending tenha sido. Mas em 1977 o panorama era muito diferente e a saga destacou-se de forma insólita.
Mas Star Wars é muito mais que original. Se essa fosse a sua única ou principal qualidade apareceria apenas em livros de história do cinema e não estaríamos à espera de um sétimo filme. George Lucas faz o épico como mais ninguém: batalhas monumentais entre o bem e o mal, o futuro do universo em risco, grandes vilões com armas e explosões brutais. É impossível não ficarmos entusiasmados, principalmente quando tudo isto é acompanhado pela genialidade que é a banda sonora de John Williams. Mas George Lucas eleva os seus filmes ao combinar o épico com o humano. Darth Vader é mais que um vilão assustador, ele vai-se transformando ao longo dos filmes (mais sobre isso quando chegar às prequelas). O Luke não é um grande herói corajoso que está lá só para fazer pontaria com a X-wing, mas sim alguém que quer fazer mais da vida que trabalhar nas plantações e que acaba por enfrentar os seus medos e descobrir quem realmente é. Isto aplica-se a praticamente todas as personagens. Poderia escrever demasiado sobre Han Solo ou Leia, e até Lando – personagem secundária – tem direito ao seu arco na história. É este equilíbrio entre épico e humano que realmente define a saga.
Se as opiniões sobre a primeira trilogia são (relativamente) unânimes, as prequelas nunca conseguiram deixar de ser controversas. As críticas têm fundamento: as transições entre cenas parecem uma criança a descobrir todas as possíveis transições do powerpoint e a personagem do Jar Jar Binks é um desastre apenas ultrapassado por Anakin Skywalker em Attack of the Clones. Felizmente, quando os filmes são revistos hoje em dia percebe-se que os detratores pecam por excesso, em parte por muitos associarem os filmes originais ao saudosismo de os terem visto em crianças ou jovens. A relação entre Obi-Wan e Anakin está bem feita, e até a parte política de como a República se tornou o Império – que é tantas vezes criticada – está interessante. E qualquer filme é automaticamente melhorado com a presença do Samuel L Jackson e Liam Neeson. Apesar de tudo, quando a segunda trilogia termina temos um contexto que nos permite entender melhor Darth Vader e as suas ações, e o final de Revenge of the Sith deixa-nos com o coração nas mãos.
Tudo isto traz-nos a 2015. O primeiro filme da saga já estreou há 38 anos. Nesse tempo tudo mudou, incluindo a tecnologia dos efeitos especiais e as espectativas do público para um filme desta magnitude. Não faltam razões para procurar gerir essas espectativas. Mas todas elas parecem desaparecer quando vemos o trailer e começamos a ouvir aquela música.