Trumbo
O título diz tudo: o filme é sobre Dalton Trumbo, argumentista em Hollywood que é preso e incluído na lista negra por pertencer ao partido comunista. Apesar da sua história ser inerentemente interessante, o filme não consegue fugir a sentimentalismos, sendo impossível não revirar os olhos umas quantas vezes na primeira meia hora.
Ocasionalmente conseguimos ter vislumbres de uma perspectiva mais cínica. A lista negra definia quem é que não podia trabalhar no mundo do cinema por razões políticas. No final, esta acaba não por razões morais mas porque a lista impedia os estúdios de fazerem bons filmes, não podendo lucrar com argumentos de qualidade. Todo este aspecto é praticamente ignorado em prol de um discurso final grandioso com música épica a tocar no fundo.
Felizmente o elenco consegue (quase) salvar o filme. Bryan Cranston defende bem a sua nomeação ao Óscar, dando à personagem principal nuances que o argumento por vezes não consegue dar. Os actores secundários também ajudam: a personagem de Louis CK faz contraste com os idealismos de Trumbo e dá uma perspectiva mais humana à sua história.
Apesar de não ser um filme brilhante, Trumbo traz-nos um momento relevante da história do cinema. Permite-nos ver os bastidores de filmes como Roman Holiday, Exodus e Spartacus, saindo-se da sala de cinema com vontade de ver (ou rever) estas obras intemporais.